Congressistas do PSL em visita à China cobram apoio do Executivo após polêmica
Depois de serem massacrados nas redes sociais e criticados pela base do governo, parlamentares deixam a capital chinesa rumo a Zhuhai, onde visitam projetos de infraestrutura.
Publicado em:
Nathália Watkins para a RFI
Três dias depois de terem sido duramente criticados pelo filósofo Olavo de Carvalho, os 12 parlamentares brasileiros que visitam a China – a maioria do PSL –, continuam sofrendo ameaças virtuais e cobram apoio explícito por parte do governo do presidente Jair Bolsonaro. A viagem, feita a convite da embaixada da China no Brasil, tinha como objetivo apresentar oportunidades de intercâmbio comercial nas áreas de tecnologia, comunicação, infraestrutura e agronegócio, mas foi ofuscada por divisões partidárias, críticas e ameaças a integrantes do grupo.
“Estamos sofrendo fogo amigo, nem a esquerda está nos atacando tanto”, diz o empresário Vinicius de Carvalho Aquino, assessor do deputado federal eleito Alexandre Frota e organizador da viagem. Na quinta-feira (17), Carvalho acusou os politicos de serem “analfabetos funcionais” e “caipiras” por “entregarem o Brasil à China”. Segundo Carvalho, o propósito da visita é conhecer a tecnologia de reconhecimento facial chinesa e importá-la para o Brasil, o que deixaria os brasileiros vulneráveis à espionagem.
A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) é o principal alvo das críticas. Próxima do professor Olavo, como é chamado por seus seguidores, Zambelli diz que não pretende processar o filósofo, mas não escondeu o trauma com os ataques sofridos nos últimos dias. “Já fui atacada muitas vezes, estou acostumada. Mas desta vez não tenho qualquer culpa”, disse Zambelli. A deputada eleita por São Paulo lamentou que os brasileiros tenham sido vítimas do “efeito manada” ao adotarem automaticamente a perspectiva exposta por Olavo de Carvalho, sem considerar a relevância econômica da China. “Viemos buscar soluções para o Brasil e conhecer as oportunidades”, resumiu.
Relação com o Partido Comunista
Ao contrário do que esperava, o encontro com oficiais do Partido Comunista não foi marcado por tensões. “Fomos mais bem recebidos por eles do que pela embaixada brasileira. Nos trataram muito bem, mostraram que respeitam o Brasil como potência e que querem investir mais”, disse Zambelli. Tanto o presidente Jair Bolsonaro quanto o chanceler Ernesto Araújo evitaram comentar a visita. Durante a campanha, Bolsonaro afirmou que a China tentava dominar importantes setores da economia brasileira – o que preocupa investidores chineses, que esperam sinais de pragmatismo.
A agenda do grupo inclui palestras sobre relações comerciais com a América Latina e visitas técnicas a empresas como a Huawei, a Corporação Nacional de Cereais, Óleos e Alimentos da China (COFCO), além de visitas a projetos de segurança pública e infraestrutura. A delegação formada pelos deputados eleitos Daniel Silveira, Tio Trutis, Felício Laterça, Bibo Nunes, Charlles Evangelista, Marcelo Freitas, Sargento Gurgel, Aline Sleutjes e Carla Zambelli, a senadora eleita Soraya Thronicke, todos do PSL, além da deputada estadual Delegada Sheila (PSL-MG), e de Luís Miranda, do DEM, chegou na quarta-feira, 16, e deixa o país na quinta-feira, 25.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro