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Imprensa

Le Monde destaca indiferença do Brasil diante de suposto esquema de doping

Uma matéria publicada no site do jornal Le Monde, assinada pela correspondente do diário no Brasil, Claire Gatinois, trata da revelação, há uma semana, de um suposto esquema de doping de atletas brasileiros, pacientes do médico Júlio César Alves. Com a manchete "As revelações sobre o doping de seus atletas deixam o Brasil indiferente", a repórter explica que o documentário do canal alemão ARD, que cita inclusive o ex-lateral esquerdo Roberto Carlos, parecem não perturbar o universo do futebol no país.

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No texto, Le Monde explica que o material da TV alemã descreve o tráfico de anabolisantes, vindos do Paraguai, para serem injetados no corpo de atletas brasileiros, sob a tutela de Júlio César Alves, um especialista em medicina ortomolecular, cujo consultório acolheu vários esportistas brasileiros.

O documentário destaca que os procedimentos antidoping não são seguidos no Brasil. Uma equipe da televisão alemã indica ter acompanhado uma partida da equipe do Palmeiras e ter percebido várias irregularidades que foram comuns também, de acordo com a reportagem, durante os Jogos Olímpicos de 2016 no Rio. "Eles queriam medalhas e medalhas, sem a garantia de que essas medalhas seriam limpas", diz à ARD Luis Horta, conselheiro até o ano passado da Agência Brasileira de Controle de Dopagem para as Nações Unidas, antes de, decepcionado, deixar seu emprego.

Autoridades brasileiras não reagem

O documentário da TV alemã enfatiza a falta de reação das autoridades brasileiras sobre a questão. O canal alemão mostrou claramente que a investigação sobre as práticas de Júlio César Alves não evoluem, escreve Le Monde.

O diário também ressalta que, para piorar a situação, o jornal Estado de São Paulo publicou, na última terça-feira, 13 depoimentos de atletas brasileiros que tiveram seus testes antidoping manipulados para esconder os resultados. Um deles teria pago R$ 100 mil para que seu exame fosse alterado. A Agência Brasileira de Controle de Dopagem está a par de todos esses casos, sublinha o jornal.

Le Monde tenta encontrar razões sobre porque as revelações tiveram pouca repercussão no Brasil e os altos dirigentes e responsáveis do mundo do esporte simplesmente lavam as mãos. "Uns evocam o ceticismo do Brasil quando tocamos no sagrado assunto do futebol, outros se dizem incrédulos sobre declarações de um médico fanfarrão", escreve a correspondente do diário em São Paulo.

Se a polêmica não indigna a classe esportiva, os jornalistas do setor não escodem sua decepção diante das revelações. "A justiça é capaz de atacar o presidente da República, mas o esporte é protegido por uma muralha e, quando se trata de futebol, não podemos dizer nada", diz o comentarista do canal ESPN, Paulo Calcade, em entrevista ao jornal Le Monde.

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