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Brasil

Apesar de crise política, "o Brasil continua a funcionar", diz Meirelles em Paris

O otimismo sobre a economia brasileira dominou o discurso do ministro da Fazenda do Brasil, Henrique Meirelles, nesta quarta-feira (7), primeiro dia da edição de 2017 do Fórum da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Entretanto, a crise que vive o país foi um assunto evitado. "O Brasil continua a funcionar independente de discussões de ordem política", disse.

O ministro brasileiro da Fazenda, Henrique Meirelles, durante coletiva de imprensa na OCDE nesta quarta-feira (7).
O ministro brasileiro da Fazenda, Henrique Meirelles, durante coletiva de imprensa na OCDE nesta quarta-feira (7). Daniella Franco /RFI
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Meirelles está em Paris para participar fórum da organização na qual o Brasil tem status de país associado. Na última terça-feira (30), o governo brasileiro formalizou o pedido para se tornar um país membro - um processo que pode, teoricamente, durar anos mas, ao que tudo indica, deverá acontecer dentro de breve. "O Brasil é muito bem recebido [na OCDE]. Nossas conversas, até o momento, têm sido muito positivas", declarou.

Para este ano, o ministro afirmou que a expectativa é de um crescimento de 2,7% da economia "se compararmos o último trimestre de 2017 com o último trimestre de 2016", lembrando que a média para o ano é de "meio por cento".

A trajetória é positiva, garante Meirelles. "Nós temos um crescimento da indústria no mês de abril de 0,6% e um crescimento do investimento de 0,7%. Em itens específicos, nos setores industriais, temos alguns dados de maio: produção de veículos 6,6%, venda de veículos 3%, consumo de energia subindo, confiança dos empresários e dos consumidores subindo", destaca.

Durante a coletiva de imprensa, ao não mencionar a instabilidade política no país, Meirelles foi indagado se considerava o assunto sem relevância. "Minha abordagem é ficar fora dessa discussão e me concentrar na administração da economia brasileira", respondeu. Para ele, o mais importante é que a economia do país "mostra sinais de crescimento sólido; os mercados estão, na última semana, relativamente estáveis". 

O ministro também foi confrontado sobre a avaliação da OCDE de que a instabilidade política, devido aos casos de corrupção, pode prejudicar o crescimento econômico. Segundo ele, a organização não leva em consideração "as questões dos últimos dias ou últimas semanas; eles estão avaliando uma questão que se dá no último ano ou até num período mais prolongado". Além disso, essa percepção, de acordo com Meirelles, "é uma cautela natural de uma organização multilateral", frisando: "está muito claro que no primeiro trimestre deste ano tivemos uma retomada do crescimento".

A votação da reforma da previdência no Senado e o agravamento do risco político foram outras questões abordadas durante a entrevista coletiva. Meirelles também foi indagado sobre uma das 82 perguntas da Polícia Federal (PF) enviadas ao presidente Michel Temer, dentro da investigação em que é acusado de corrupção passiva, obstrução à Justiça e organização criminosa. Em um trecho da polêmica gravação do diálogo com Joesley Batista, o empresário da JBS defendeu a necessidade de um alinhamento com o ministro da Fazenda.

"A pergunta [da Polícia Federal] foi se ele [Joesley Batista] poderia apresentar pontos de interesse, não é que tinha apresentado", explicou Meirelles. "Então, a conversa se dava em função de futuras possíveis conversas, caso houvesse", reiterou, salientando que esses diálogos, mencionados por Joesley Batista, nunca aconteceram.

"Brasil está passando por transformações"

Nesta quarta-feira Meirelles participou da reunião ministerial e de um painel sobre os desafios da globalização. Durante a tarde, o ministro palestrou na agência de investimento Business France sobre a recuperação da economia brasileira, um evento paralelo ao Fórum da OCDE, que faz parte da Jornada da América Latina e do Caribe.

Durante o evento para empresários e investidores, Meirelles declarou que o Brasil está passando por "transformações", também sem mencionar a crise política. Segundo ele, as reformas realizadas pelo governo de Michel Temer restauraram a confiança dos mercados e impulsionam a economia do país.

O ministro destacou o crescimento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no primeiro trimestre deste ano, classificando-o como "robusto". Na palestra, ele também disse esperar uma expansão de até 2% do PIB até o final do ano e uma aceleração de 3% em 2018. O objetivo agora é, segundo o ministro, "aumentar os investimentos".

Agenda lotada

Meirelles tem uma agenda lotada em Paris. Além dos eventos na OCDE e na Business France, ele participa de diversas reuniões bilaterais, e se encontrou nesta quarta-feira com os ministros do Comércio do Canadá, François Philippe Champagne, e da Nova Zelândia, Todd McClay, além do chefe de Delegação do Reino Unido, Christopher Sharrock.

Na manhã de quinta-feira (8), Meirelles se reúne com empresários franceses no Movimento das Empresas da França (Medef), o sindicato patronal do país, e com o secretário-geral da OCDE, Angél Gurría. À tarde, entre vários compromissos, ele se encontra com o ministro das Relações Exteriores do Japão, Kentaro Sonoura, e com o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Alberto Moreno.

Antes de voltar para o Brasil, na sexta-feira (9), Meirelles participa ainda de um encontro bilateral com o ministro de Economia da França, Bruno Le Maire.
 

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