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Ex-ginasta francesa vai abrir desfile da Vila Isabel representando escravos africanos

"É a aventura mais louca da minha vida", diz a francesa Maryam Kaba, 38, no jornal Le Parisien sobre a sua participação no desfile da escola de samba Vila Isabel, no próximo domingo (26), na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro. A ex-atleta de ginástica rítmica foi destaque esta semana na imprensa da França, do canal BFM TV aos jornais Libération e La Croix, entre outros.

Maryam Kaba abrirá o desfile da Vila Isabel ao lado de 14 homens
Maryam Kaba abrirá o desfile da Vila Isabel ao lado de 14 homens AFP
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Natural da cidade de Thiais, na região Val-de-Marne (norte), ela será a única mulher da Comissão de Frente da agremiação carioca, ao lado de 14 homens. Eles executarão uma coreografia de ritmos da África, já que o samba-enredo, “O Som da Cor", fala da "origem africana dos estilos musicais do continente americano" (veja vídeo no final desta reportagem). O La Croix lembra que ela é a primeira estrangeira a abrir o desfile da Vila Isabel.

Maryam mora há três anos na capital fluminense, onde dá aulas de Afrovibe, modalidade que ela criou com uma amiga e que mistura fitness e dança africana. Foi exatamente durante um dos cursos, na praia, que a francesa foi descoberta pelo coreógrafo da Vila Isabel, Patrick Carvalho.

"Deus a colocou diante dos meus olhos. Eu procurava uma grande mulher e a encontrei. É a francesa mais brasileira que eu já vi", disse no Le Parisien. Ao canal BFM TV, o coreógrafo afirmou que “se apaixonou por sua arte e sua dança”. “Está tudo em cima dela. É ela que vai representar a gente.”

A francesa disse que "não era realmente um sonho desfilar no Carnaval do Rio". "Nunca pensei em fazer isso. Era uma coisa superdistante para mim. Eu dizia para mim mesma: precisa ser brasileiro para realmente amar o Carnaval, precisa ter isso no sangue", declarou na reportagem do Libération.

Ela se sentiu atraída pelo tema escolhido pela escola: "Nosso grupo representa os escravos, e somos os primeiros a entrar. No Brasil, há graves problemas de desigualdade racial, então o que a gente representa no Carnaval é super forte", comenta a filha de um marfinense e de uma francesa.

Francesa nos bastidores

Outra francesa também ganhou destaque na imprensa local: Anne Cécillon, bailarina de formação, que trabalha como voluntária no ateliê de fantasias especiais da Grande Rio.

Há cinco anos no Brasil, ela morava no México, onde tinha uma companhia de cabaré. No Rio, Anne se dedicou a estudar moda especializada em Carnaval e começou a bater nas portas dos barracões das escolas. Depois de muita insistência, ela conseguiu seu lugar.

"Como os desfiles passam na televisão, com closes, é preciso ter atenção com cada detalhe. Cada fantasia é feita a mão, com amor", afirmou no Libération, enquanto enfiava a mão em um grande saco de strass.

O chefe do ateliê, Fernando Abreu, que ainda não havia trabalhado com uma estrangeira, está satisfeito de poder contar com esse novo olhar. "Trocamos nossas experiências sem parar e aprendemos muito um com o outro", elogia.

Mesmo com o aumento da pressão à medida que o grande dia se aproxima, Anne espera ansiosamente pelo desfile. "Vai ser maravilhoso. Para mim, é realmente um sonho. Vou ficar muito emocionada, acho que vou até chorar", admite.

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