Le Monde mostra situação catastrófica do Rio
Uma reportagem do jornal francês Le Monde desta terça-feira (21) fala sobre a grave crise econômica e social do Estado do Rio de Janeiro, agravada por uma série de escândalos políticos e prisões, e como ela afeta a população.
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O cenário de abertura da reportagem é o hospital Carlos Chagas. Uma paciente conta que teve de ficar duas semanas internada, ao invés de uma, pois no dia de uma operação marcada não havia material necessário para a intervenção. Uma amiga que acompanhava fez a faxina do quarto. “Tudo estava sujo, não tinha nada, nem papel higiênico”, conta a acompanhante.
Nenhum paciente é recusado, garantem os funcionários, que ainda não receberam o salário de outubro e já sabem que o de novembro será dividido em sete parcelas. Jorge Darze, presidente do sindicato dos médicos do Rio de Janeiro, lamenta para o jornal: “o Estado deveria ser acusado de homicídio involuntário”.
Aposta furada no petróleo
A situação ilustra a bancarrota iminente do Estado, com um déficit estimado em R$ 17,5 bilhões para este ano. O perigo é o mesmo para outra dezena de Estados, mas é o Rio que está mais ameaçado, constata a reportagem, principalmente porque fez projeções – e gastos – contando com os royalties do preço do barril de petróleo a US$ 100, sendo que o valor do produto despencou 69% entre 2013 e 2016.
Sufocado com gastos dispendiosos da Copa e da Olimpíada, o governo apertou o cinto do funcionalismo, entre outros. “Pagamos pela orgia do governo”, diz um professor de biologia ouvido por Le Monde, cujo salário de R$ 1.200,00 é menor do que de uma empregada doméstica. “Entendo a insatisfação”, disse Gustavo Barbosa, secretário das finanças do Estado, “mas não tínhamos mais alternativas”.
Para o jornal francês, as prisões espetaculares dos ex-governadores Anthony Garotinho e Sérgio Cabral, pode levar a crer que o Estado seria, pelo menos em parte, “vítima das trapaças de uma classe política tão irresponsável, quanto indecente”. Le Monde acrescenta que é difícil imaginar que Luiz Fernado Pezão, o atual governador, possa ter ignorado tantas fraudes. A conclusão do jornal é de que “paira um sentimento de que a resolução da crise financeira passa antes por uma faxina política”.
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