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Brasil/Manifestações

Juiz Sérgio Moro é herói de manifestação contra Dilma Rousseff na avenida Paulista

A manifestação contra a presidente Dilma Rousseff e o PT fechou avenida Paulista em São Paulo neste domingo (16). Os participantes também criticaram o presidente do senado, Renan Calheiros, que se reaproximou do Planalto nos últimos dias, e manifestaram apoio ao juiz responsável pelas investigações da operação Lava Jato, Sérgio Moro. 

Em São Paulo, protesto contra a presidente Dilma Rousseff fechou a Avenida Paulista.
Em São Paulo, protesto contra a presidente Dilma Rousseff fechou a Avenida Paulista. REUTERS/Paulo Whitaker
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Kênya Zanatta, correspondente da RFI em São Paulo

04:26

Reportagem Manifestação São Paulo 16/08

"Solta o hino nacional, deejay!", gritou um dos líderes da manifestação do alto do carro de som estacionado perto do Museu de Arte de São Paulo na tarde de hoje. Como nos protestos de março e abril, o hino era entoado regularmente pela multidão reunida na avenida Paulista. Vestidos de verde e amarelo, os manifestantes carregavam bandeiras do Brasil e cartazes contra a corrupção e pediam o impeachment ou a renúncia da presidente Dilma Rousseff.

"Achamos que já existem elementos suficientes para o impeachment. O restabelecimento do processo democrático passa pela retirada da presidente. O melhor seria pela renúncia, porque traumatizaria menos o país. Há pressão popular para que exista essa renúncia", disse o advogado Rafael Rodrigues, de 28 anos, que participou pela primeira vez de um protesto contra o governo. "Quando ela sair, o país voltará a respirar politicamente, a democracia brasileira se fortalecerá novamente e conseguiremos sair da crise econômica", aposta. 

Manifestantes pediram impeachment da presidente Dilma Rousseff na avenida Paulista neste domingo (16).
Manifestantes pediram impeachment da presidente Dilma Rousseff na avenida Paulista neste domingo (16). Kênya Zanatta/RFI

Já Daniela Duarte, de 36 anos, não acredita que o impeachment da presidente seja uma solução desejável para o país. Apesar disso, fez questão de mostrar na rua sua oposição ao atual governo. "O PT não ganhou aqui em São Paulo, então de fato eles não nos representam", disse ela.

Daniela, que atua na área de comércio exterior, reitera que nenhuma ação do governo pode acalmar a população: "Não queremos que o PT esteja no poder. Então teremos que esperar até a próxima eleição. Até lá, quero demonstrar a minha insatisfação e dizer o quanto acho absurdo tudo isso que está acontecendo", completou ela.

Palavras de ordem

As palavras de ordem nos carros de som espalhados pela avenida Paulista continuaram sendo "Fora Dilma" e "Fora PT". Mas, desta vez, o presidente do senado, Renan Calheiros, também virou alvo dos manifestantes, acusado de ser "capacho do PT". Na última semana, a reaproximação entre Calheiros e Dilma deu novo fôlego à petista.

Havia também cartazes contra o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Somente o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, em guerra aberta contra o Planalto, foi relativamente poupado pelos protestantes.

Manifestantes vestiram verde e amarelo, cantaram o hino nacional e carregaram bandeiras do Brasil na avenida Paulista neste domingo (16).
Manifestantes vestiram verde e amarelo, cantaram o hino nacional e carregaram bandeiras do Brasil na avenida Paulista neste domingo (16). Kênya Zanatta/RFI

Vestido com uniforme de combate do exército, um homem pedia à multidão que liberasse o "herói" dentro de cada cidadão para ajudar a mudar o país. Ali perto, um grupo armado de panelas acompanhava uma nova versão de "Para não dizer que não falei das flores", de Geraldo Vandré. Proibido durante anos, o antigo hino de resistência à ditadura militar ganhou nova letra, começando por "Dilma, vá embora, que o Brasil não quer você".

Os policiais militares, espalhados em grande quantidade pela avenida, eram muito requisitados para selfies com os manifestantes, enquanto uma enorme faixa de oitenta metros de comprimento com as cores do Brasil era carregada de uma extremidade a outra do protesto, passando sobre as cabeças dos participantes.

Salvador da Pátria

Além de vilões, o protesto também teve um herói: Sérgio Moro, responsável pelas investigações sobre o esquema de corrupção em torno da Petrobras, a chamada operação Lava Jato. Ele recebeu vivas e aplausos e seu nome estampava faixas e camisetas.

Juiz Sérgio Moro, responsável pelas investigações sobre o esquema de corrupção em torno da Petrobras foi homenageado na manifestação de São Paulo.
Juiz Sérgio Moro, responsável pelas investigações sobre o esquema de corrupção em torno da Petrobras foi homenageado na manifestação de São Paulo. Kênya Zanatta/RFI

O advogado Rafael avalia que o juiz federal representa a esperança de um fortalecimento constitucional do Brasil. "Existe um sentimento muito forte na população brasileira de que as instituições não funcionam para pegar as pessoas poderosas, de qualquer partido. E talvez com a Lava Jato seja a primeira vez que uma operação do poder público chegue a políticos e empresários sempre vistos como protegidos pelo Judiciário. Então as pessoas sentem que talvez a justiça comece a valer para todos", analisa ele.

O funcionário público José Geraldo da Silva, de 61 anos, foi à avenida Paulista com um adesivo no peito declarando seu apoio à ação do juiz de Curitiba. "A corrupção sempre existiu, só que agora virou política de governo. O povo sempre precisou de um salvador da pátria. Espero que Sérgio Moro não seja um messias, mas uma pessoa que faça valer a justiça", disse ele.

O protesto foi organizado em conjunto pelos mesmos grupos que já haviam convocado as manifestações anteriores, como o Vem Pra Rua, o Movimento Brasil Livre e o Revoltados Online. O número de participantes, porém, era bem menor do que em março e abril. Até o fechamento desta reportagem, a polícia militar ainda não havia divulgado sua estimativa do público presente.

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