Milhares de cubanos dão início a semana de homenagens a Fidel

Milhares de cubanos prestam homenagem nesta segunda-feira (28) a Fidel Castro, líder da revolução cubana que morreu nesta sexta-feira (25) aos 90 anos, na primeira de uma série de celebrações que acontecerão até o próximo dia 4 de dezembro, quando suas cinzas serão enterradas em Santiago de Cuba.

Milhares de cubanos começaram a prestar sua homenagem nesta segunda-feira (28) a Fidel Castro. REUTERS/Edgard Garrido

Os cubanos entraram em fila nesta segunda-feira (28) na Praça da Revolução, o lugar preferido de Fidel Castro na capital, Havana, e desfilaram diante de um grande retrato do líder comunista, adornado com flores, logo após os 21 tiros de canhão que marcaram o início da semana de homenagens ao ex-presidente.

A peregrinação ao coração político de Havana, onde Fidel Castro fez vários de seus discursos de muitas horas, com provocações frequentes aos Estados Unidos, abriu uma semana de tributos ao pai da revolução cubana.

Segundo declarou Jorge Guilarte, um velotaxista de 50 anos: "vá à praça e verá o que é de verdade o povo de Cuba (...), como sofre quando sente de verdade.” Para Ernestina Suárez, dona de casa de 67 anos, "qualquer cubano que seja digno deve comparecer à Praça para prestar o último adeus a Fidel, que é Cuba.” O cubano Daniel Martínez, cozinheiro de 33 anos, não se considera um opositor, mas não vai comparecer à Praça da Revolução. "Não tenho nada contra Fidel no campo pessoal”, declarou, “mas não sou castrista. Não gosto deste sistema, nem com Fidel nem com Raúl, porque aqui nada muda.”

Homenagem ao presidente cubano Fidel Castro no interior do Memorial José Martí, na Praça da Revolução, em Havana, Cuba, em 28 de novembro de 2016. REUTERS/Enrique De La Osa

A capital cubana viveu um fim de semana atípico: por ordem do governo, que declarou nove dias de luto nacional, os locais públicos não tocaram música e não serviram álcool. As cinzas de Fidel Castro serão expostas na Praça da Revolução até a próxima terça-feira.

Calendário de celebrações

Na quarta-feira (30) haverá uma procissão que percorrerá 13 das 15 províncias do país, com a conclusão no domingo (4) em Santiago de Cuba, onde as cinzas serão depositadas no cemitério Santa Ifigênia após uma viagem de quase mil quilômetros. Alguns líderes estrangeiros devem viajar a Cuba durante a semana - o presidente do Equador, Rafael Correa, já confirmou presença nesta terça-feira (29). O presidente russo Vladimir Putin, no entanto, confirmou que não estará presente durante a semana de homenagens. O presidente da França, François Hollande, será representado durante o funeral no domingo (4) pela ministra francesa do Meio Ambiente, Ségolène Royal.

A dissidência ainda presente no país suspendeu qualquer ato de repúdio contra o dirigente por respeito ao luto nacional, mas em Miami cubanos continuam celebrando com champanhe a morte de Castro.

O líder cubano, que estabeleceu um regime comunista a menos de 200 km das costas dos Estados Unidos, em plena Guerra Fria, pronunciou seu último discurso na Praça da Revolução em 1° de maio de 2006, dois meses antes de ficar gravemente doente em consequência de uma hemorragia intestinal.