Taxas de mutilação sexual caem em até 60% na África, diz estudo britânico
As excisões e mutilações sexuais, práticas ainda generalizadas na África, diminuíram significativamente entre crianças de 0 a 14 anos. Em alguns países, a queda chegou a 60%. O objetivo foi alcançado por meio de campanhas de conscientização da população, apesar das inúmeras diferenças culturais regionais, segundo um estudo publicado pela revista britânica Global Health.
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O estudo, baseado em dados da Unicef, mostra um declínio encorajador nas práticas de mutilação sexual, principalmente na África Oriental, que baixaram de 71,4%, em 1995, para 8%, em 2016. Por outro lado, a taxa é mais lenta no norte da África (de 58% em 1990 a 14% em 2015) e na África Ocidental (de 73,6% em 1996 a 25,4% em 2017).
No Oriente Médio, no entanto, verificou-se um aumento de excisões (+13,7% entre 1997 e 2013), mas com base em estudos realizados em apenas dois países, Iraque e Iêmen. Segundo estimativas da Unicef, 200 milhões de mulheres e crianças em todo o mundo foram sexualmente mutiladas.
Estudos também apontaram a existência dessas práticas na Índia, Indonésia, Israel, Malásia, Tailândia e Emirados Árabes Unidos. Devido à migração, regiões como a Europa e as Américas do Norte e do Sul não estão imunes à incorporação desse tipo de prática.
Práticas “devastadoras”
O estudo faz um apelo à manutenção de campanhas para convencer as pessoas a abandonar a prática, que possui “consequências devastadoras" em termos de saúde sexual e psicológica.
As Nações Unidas tornaram a erradicação total, em 2030, das mutilações genitais femininas, um dos seus objetivos de desenvolvimento sustentável, adotada como meta por unanimidade pelos países-membros da entidade, em setembro de 2015.
A cada ano, mais de 3 milhões de meninas na África correm risco de mutilação. Em alguns países - Mali, Mauritânia, Gâmbia, Guiné-Bissau, Djibuti e Sudão - mais de 40% das crianças de 0 a 14 anos são submetidas à mutilação genital, a cada ano.
O declínio da prática observado pelo estudo é uma boa notícia, mas os especialistas recomendam cautela: em populações em países onde as mutilações são proibidas por medo de punição, poderia haver uma subnotificação de casos.
"É crucial que a abordagem puramente estatística seja acompanhada por uma análise precisa das mudanças de atitudes em relação à mutilação genital nesses países", argumentou Naana Otoo-Oyortey, responsável pela associação Forward. Além disso, a faixa etária considerada não inclui mutilações em adolescentes de 15 a 19 anos, diz o especialista.
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