Cedeao está 'pronta' para intervir no Níger sem desmantelar a via diplomática
Os países da África Ocidental garantiram ainda sexta-feira (18) que estão "prontos" para intervir militarmente no Níger e marcaram data para agir. Neste sábado (19), uma delegação, incluindo o Presidente da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao), o nigeriano Bola Tinubu, viajou para Niamey para se reunir com a junta, disse uma fonte da Cedeao à Reuters.
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A delegação foi recebida no aeroporto de Niamey pelo Primeiro-Ministro nomeado pela junta e deverá reunir-se com autoridades autoproclamadas após o golpe estado militar de 26 de julho que derrubou o presidente do Níger Mohamed Bazoum, agora sequestrado., disse a fonte.
A junta não fez comentários imediatos. Mas funcionários da Cedeao, desde quinta-feira (17) em Acra, capital do Gana, estão tentando encontrar esforços diplomáticos para responder à crise causada pelos chefes militares. O encontro permitiu acordar os "objetivos estratégicos, os equipamentos necessários e o empenho dos Estados-membros" para a eventual intervenção, explicou Musah.
"Estamos prontos para intervir desde o momento em que a ordem for dada. O dia da intervenção também está marcado", sem revelar a data, disse o Comissário para Assuntos Políticos, Paz e Segurança da Cedeao, Abdel-Fatau Musah. “Estamos dispostos a resolver o problema pacificamente, mas para dançar o tango são precisos dois”, insistiu Musah.
As missões anteriores da Cedeao não foram bem recebidas pelo novo homem forte do país, general Abdourahamane Tiani. O novo regime considera que qualquer intervenção militar contra o seu país constituiria uma “agressão ilegal e sem sentido” e prometeu uma “resposta imediata” a qualquer ofensiva.
Em entrevista à Eva Massy da RFI, Leonardo Simão, representante do Secretário-Geral das Nações Unidas para a Africa Ocidental e o Sahel e enviado especial a Niamey, insistiu que a crise política que se vive no Níger deve passar pela via pacífica e diplomática.
"Nós nos entendemos bem com eles, eles compreendem a nossa preocupação, portanto o diálogo é fluido. O ambiente de trabalho é também cordial", conta Simão, que acredita que as autoridades do Níger mostraram "abertura" para negociação.
Questionado sobre o papel da ONU no processo de mediação, Leonardo Simão avança que as Nações Unidas não agem de forma isolada e perseguem o mesmo objetivo de paz que a Cedeao.
"O Níger é membro da União Africana, é membro da Cedeao, é membro das Nações Unidas. Qualquer uma destas organizações tem liberdade para ajudar o país a sair da crise. É legítima a organização de cada uma destas organizações", segundo o diplomata.
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