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Com fim de cessar-fogo, Sudão volta a ser palco de confrontos violentos

Os combates recomeçaram na capital do Sudão, Cartum, neste domingo (11), logo após o término de um cessar-fogo de 24 horas que deu aos moradores uma breve trégua após quase dois meses de conflito entre generais rivais.

Sudão: moradores da capital Cartum aproveitam a curta trégua para enterrar seus mortos, em 11 de junho de 2023.
Sudão: moradores da capital Cartum aproveitam a curta trégua para enterrar seus mortos, em 11 de junho de 2023. AFP - -
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É o "retorno do terror", declarou Asmaa al-Rih, morador dos subúrbios do norte de Cartum, com "foguetes e bombas que sacodem as paredes das casas" novamente. Os moradores desta cidade de 5 milhões de habitantes foram acordados por tiros de artilharia e barulho de combates em diversos bairros, de acordo com testemunhas.

Uma calmaria de um dia é "como um sonho" que acabou, afirmou Nasreddine Ahmed, morador do sul de Cartum, que "acordou com o barulho do conflito" neste domingo. A violência recomeçou dez minutos após o fim da trégua de 24 horas negociada pelos mediadores sauditas, que teve início no sábado às 6h do horário local.

Ambos os lados prometeram cessar os combates em todo o país para permitir "a chegada de ajuda humanitária", informou o Ministério das Relações Exteriores da Arábia Saudita.

Um bombardeio de artilharia pesada foi ouvido em Cartum e na cidade de Omdurman. Tiroteios com "diversos tipos de armas" foram relatados na rua Al-Hawa, no sul da capital, bem como nos subúrbios orientais, também atingidos "por ataques aéreos", afirmam moradores.

Este novo cessar-fogo, respeitado em todo o território, permitiu que os habitantes de Cartum aproveitassem a pausa nos combates para se abastecerem ou fugirem da capital, atormentada desde 15 de abril por um conflito armado que levou a uma grave crise humanitária.

Falta de água, alimentos e medicamentos

Pelo quinto dia consecutivo, nuvens de fumaça voltaram a emergir neste domingo dos tanques da instalação petrolífera Al-Shajara, perto da fábrica militar de Yarmouk, em Cartum.

O conflito ocorre principalmente na capital e na vasta região de Darfur, no oeste do Sudão, onde ONGs relatam uma deterioração da situação humanitária.

Na sexta-feira (9), o chefe da delegação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) no Sudão, Alfonso Verdu Perez, lamentou que "apenas 20% dos estabelecimentos de saúde ainda funcionem em Cartum".

“Nas últimas semanas, conseguimos entregar material cirúrgico a dez hospitais” da capital, “mas as necessidades são imensas e ainda há muito por fazer”, acrescentou, apontando graves carências de água, eletricidade, alimentos e suprimentos medicais.

Tréguas violadas

O conflito opõe o exército comandado pelo general Abdel Fattah al-Burhane, governante de fato do Sudão, e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (FSR) do general Mohamed Hamdane Daglo, seu adjunto que se tornou seu rival. As tréguas anteriores geralmente foram violadas assim que entravam em vigor.

A guerra entre os dois generais, que lutam pelo poder depois de terem realizado em conjunto um golpe de estado em 2021, já deixou mais de 1,8 mil mortos, de acordo com a organização ACLED, especializada na coleta de informações em zonas de conflito, além de 2 milhões de deslocados e refugiados segundo a ONU.

Em visita à Arábia Saudita na quarta-feira (7), o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, garantiu que Washington e Riad desejam "continuar sua sólida cooperação e pôr fim aos combates no Sudão".

O Egito, que faz fronteira com o Sudão ao norte, anunciou no sábado (10) o reforço das formalidades de entrada em seu território para os sudaneses que fogem da guerra. Desde o início do conflito, mais de 200 mil sudaneses entraram no Egito, a maioria por via terrestre.

Estas medidas não visam "impedir ou limitar o número de cidadãos sudaneses que entram" no território egípcio, mas sim pôr fim às "atividades ilegais de indivíduos e grupos do lado sudanês da fronteira, que falsificam a entrada" com fins lucrativos, explicou o Ministério das Relações Exteriores do Egito.

(Com informações da AFP)

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