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Guiné Bissau/Eleição

Opositor vence presidencial na Guiné-Bissau e propõe diálogo com adversário que contesta resultado

A Guiné-Bissau, país africano de língua portuguesa, tem um novo presidente. O opositor Umaro Sissoco Embaló venceu o segundo turno da eleição presidencial com 53,55% dos votos, anunciaram nesta quarta-feira (1°) fontes oficiais. O candidato derrotado, Domingos Simões Pereira, do partido no poder PAIGC, contesta o resultado. Em entrevista exclusiva à RFI, o vencedor Embaló estende a mão ao adversário, fala “em concórdia nacional” e diz que esta é uma “vitória do povo”.

Umaro Sissoco Embaló venceu o segundo turno das eleições presidenciais na Guiné-Bissau.
Umaro Sissoco Embaló venceu o segundo turno das eleições presidenciais na Guiné-Bissau. SEYLLOU / AFP
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O ex-primeiro-ministro Umaro Sissoco Embaló era o candidato do Madem, um partido criado há apenas um ano e meio com o desafio de enfrentar o histórico PAIGC, o maior do país e que domina a política da Guiné-Bissau desde sua independência, em setembro de 1974. A aposta deu certo. Entre o primeiro e o segundo turno, o político de 47 anos conseguiu compensar os 12 pontos que seu adversário tinha de vantagem no final de novembro.

Ele obteve apoios importantes dos candidatos derrotados em 24 de novembro   principalmente de Nuno Nabiam, que obteve 13% dos votos, e do atual presidente José Mario Vaz, que conquistou 12%   e conseguiu virar o jogo.

Chamado de “general do povo”, Embalo fez campanha prometendo mudança, ruptura e uma nova geração. Ele atacou incessantemente o balanço dos governos do PAIGC, acusado de ser responsável pela instabilidade da Guiné-Bissau nas últimas décadas.

Resultado contestado

Domingos Simões Pereira, também ex-primeiro-ministro e presidente do PAIGC, foi derrotado com 46,45% dos votos. Ele não conseguiu mobilizar os eleitores, traumatizados pelas repetidas crises políticas. O partido histórico perdeu terreno principalmente no leste do país.

Apesar de ter afirmado antes do anúncio oficial que reconheceria o resultado, Simões Pereira finalmente resolveu contestar a apuração. Ele aponta uma “piratagem informática” e anuncia que irá entrar com um recurso do Supremo Tribunal. Em discurso diante de seus partidários, o candidato do PAIGC falou em “irregularidades” e “manipulações” que, segundo ele, constituem “fraudes eleitorais”.

No entanto, observadores internacionais e representantes da sociedade civil haviam elogiado a organização e a transparência da votação, ocorrida no domingo 29 de dezembro.

Poder dividido

O novo presidente vai governar com um Parlamento dominado pelo PAIGC e teme-se um bloqueio governamental. Durante a campanha, a questão institucional dominou os debates. A Constituição da Guiné-Bissau prevê um sistema executivo com dois mandantes: um presidente e um primeiro-ministro, nomeado pela maioria parlamentar. A repartição de poderes é ambígua e conduziu, nos últimos anos, a uma incessante alternância de governos.

Questionado sobre este risco, Umaro Sissoco Embaló, garantiu que o problema não é a Constituição, mas os políticos. Ele prometeu ser um “regulador” e presidente de todos os guineenses.

Em entrevista à enviada especial da RFI à Guiné, Neidy Ribeiro, Embaló, festejou o resultado: “Esta é uma vitória do povo guineense. Uma vitória da concórdia nacional. Não há espaço para o rancor, o que passou na campanha, passou”. O presidente eleito afirmou que recebeu um telefonema de seu adversário cumprimentando-o pela vitória, disse que irá recebê-lo quando ele solicitar, e que “somos todos irmãos”.

Fazendo um balanço dos problemas enfrentados pela Guiné-Bissau nas últimas cinco décadas, ele salientou que esta é uma “oportunidade soberana” para construir um novo país: “Vamos batizar uma nova Guiné-Bissau. Eu serei um presidente que vai trabalhar de mãos dadas com o governo. Não há escolas, não há água. Esse povo sofreu durante 47 anos (...). Não vou perder tempo em fazer guerras. Não tenho compromisso com ninguém. O compromisso que tenho é com o povo”, declarou.

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