Separatistas usam eleição regional como trampolim para independência da Catalunha
Cerca de 5,5 milhões de catalães começaram a votar neste domingo (27) para eleger os novos representantes da assembleia regional da Catalunha. A votação ganha ares de referendo, já que a vitória prevista dos separatistas, segundo pesquisas, deverá ser usada para a abertura de um processo de independência da Catalunha do resto da Espanha.
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Os catalães são chamados às urnas para decidir quem irá formar o novo parlamento regional, até agora liderado pela formação nacionalista conservadora CDC, do presidente regional separatista Artur Mas. O objetivo de Mas é obter uma ampla vitória, transformando a votação em um referendo a favor de uma nova República Catalã em 2017. O governo espanhol rejeita veementemente essa opção. Mas a imprensa local se refere ao pleito como "uma das eleições mais importantes da democracia", como assinalou ontem, em sua manchete, o jornal conservador El Mundo.
Divergências históricas
Após um século de divergências e tensões mais ou menos intensas com Madri devido à língua, reprimida durante a ditadura de Francisco Franco (1939-1975), e do sistema fiscal, a paciência de muitos catalães acabou com a crise econômica. A região industrial mais rica da Espanha tem a impressão de carregar o país nas costas e se sente prejudicada na redistribuição dos recursos públicos.
Desde 2012, os nacionalistas pedem em vão um referendo de autodeterminação. A irritação aumentou em 2010, quando o Tribunal Constitucional invalidou parcialmente uma lei regional que dava mais poderes ao governo regional da Catalunha.
Dada a rejeição do governo do primeiro-ministro Mariano Rajoy, os separatistas decidiram organizar um referendo simbólico em novembro passado. Sem reconhecimento oficial, eles conseguiram 1,9 milhão de votos a favor da independência, de um total de 2,3 milhões de participantes. Na eleição de hoje, os separatistas buscam uma maioria no parlamento regional (68 de 135) para lançar um processo de independência.
Bancos, empregadores e mercados estão preocupados com as consequências de uma eventual emancipação total da região para o conjunto da economia espanhola. Depois de uma longa crise, o país começa a avançar, com um crescimento esperado de 3,3% em 2015. Sem a Catalunha, a Espanha perderia 25% de suas exportações, 19% do PIB, 16% da sua população e sua região mais turística.
Rajoy insistiu que "a Catalunha não será independente" e pediu uma votação "responsável".
As seções eleitorais fecham às 20h, no horário local.
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