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Um pulo em Paris

Projeto contra assédio e violências sexuais é realizado em praias de Marselha

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55% das mulheres hesitam em ir sozinhas à praia com medo de serem assediadas. Inspirada nessa pesquisa, realizada pelo instituto YouGov em 2021, a prefeitura de Marselha se uniu a associações feministas para implementar um audacioso projeto em algumas praias da cidade.

Segundo pesquisa realizada em 2021 pelo instituto YouGov, 55% das mulheres hesitam em ir sozinhas à praia temendo assédio.
Segundo pesquisa realizada em 2021 pelo instituto YouGov, 55% das mulheres hesitam em ir sozinhas à praia temendo assédio. AP - Lionel Cironneau
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Chamado de “Safer plage” (safer, mais seguro, em inglês, e plage, praia em francês), a iniciativa consiste em um aplicativo para smartphones e uma equipe de mediadores. O objetivo é que a vítima ou a testemunha de um caso de assédio ou violência sexual ou sexista lance um alerta no telefone que vai acionar a equipe do projeto.

No aplicativo, o usuário pode selecionar uma das três opções: importunação, assédio ou perigo. Com a sinalização, através do sistema de geolocalização, dois mediadores irão ao encontro da vítima ou da testemunha, com o objetivo de prestar assistência. No caso de a pessoa que protagonizou o assédio ainda estar no lugar, ela será abordada.

“Esse é um problema real”, diz à Franceinfo a vereadora Nathalie Tessier, encarregada dos direitos das mulheres e da luta contra as violências sexuais e sexistas. “Na praia, estamos de biquíni e tem gente que acha que é um mercado, que é só chegar e pegar”, reitera.

O projeto-piloto começou a ser implementado no ano passado em uma praia de Marselha. Neste ano, três outras praias foram integradas. Os frequentadores aprovam a iniciativa.

Cansadas de sexismo

“Vou falar para as minhas amigas. Porque estamos cansadas de ser alvo de comportamentos sexistas”, diz Farrah, em entrevista ao jornal Libération.

Além de prestar assistência quando recebem o alerta dos aplicativos, as equipes do Safer Plage também percorrem as praias que fazem parte do projeto para divulgar o projeto e educar os frequentadores sobre assédio, violências sexuais e sexistas, consentimento, entre outros.

Mediadores contaram ao jornal Libération que também puderam prestar assistência a uma mulher que foi agredida pelo marido em uma praia e intervém quando presenciam situações de assédio. No entanto, segundo a responsável do projeto, Justine Noël, o objetivo “não é o agressor, mas realmente proteger a vítima, dialogar, dispersar”, diz em entrevista ao jornal Libération.

A presença das equipes do projeto já é, por si só, uma forma de dissuasão dos agressores. Com camisetas coloridas com a inscrição “Mediação Safer Plage”, os mediadores não passam despercebidos.

Há poucos dias, ao se dirigir a uma vítima que lançou o alerta através do aplicativo, o mediador Abderahim surpreendeu o agressor. “Quando ele me viu, sabia que eu era mediador. Ele disse: ‘não se preocupe, não tem nenhum problema aqui’ e foi embora”, conta.

Projeto pode ser ampliado

Atualmente, a prefeitura de Marselha destina € 117 mil de seu orçamento para o projeto Safer Plage. Os responsáveis pela iniciativa pensam em estender o dispositivo para os transportes públicos e às ruas de Marselha.

Atos e comportamentos sexistas são considerados delito na França, passível de uma multa de € 3.750 (cerca de R$ 20 mil). Quem comete assédio sexual pode ser condenado a dois anos de prisão e a uma multa de € 30 mil (quase R$ 162 mil).

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