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Um pulo em Paris

Festival do Livro de Paris faz parceria com TikTok para atrair leitores jovens

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Considerado um dos maiores eventos de literatura da Europa, o Festival do Livro de Paris é realizado desta sexta-feira (21) até domingo (23). Para a edição deste ano, os organizadores fecharam uma parceria inédia com o TikTok, a rede social preferida dos jovens, com o objetivo de incitar a prática da leitura entre as novas gerações.

Edição de 2023 do Festival do Livro de Paris é realizada em um espaço efêmero no Champs de Mars, em frente à torre Eiffel.
Edição de 2023 do Festival do Livro de Paris é realizada em um espaço efêmero no Champs de Mars, em frente à torre Eiffel. © Patrick Tourneboeuf/RMN/Divulgação
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Daniella Franco, da RFI

Embora 86% dos franceses se declarem praticantes da leitura, a situação na faixa dos 15 aos 24 anos é preocupante. Segundo uma pesquisa do Instituto Ipsos para o Centro Nacional do Livro da França, divulgada em 12 de abril, um a cada cinco jovens franceses com menos de 25 anos não lê nenhum livro. Além disso, entre 2019 e 2022, houve uma queda de 12% na quantidade de jovens leitores.

O principal motivo é a internet, onde a “Geração Z” francesa gasta até quatro horas de seu tempo livre por dia. O tempo dedicado à leitura, no entanto, é de apenas 41 minutos, incluindo os livros que fazem parte das leituras obrigatórias nas escolas ou universidades.

Pensando nisso, o Festival do Livro de Paris decidiu se aliar ao TikTok, a rede social preferida dos jovens. Além de ser uma das parceiras oficiais do evento, a plataforma é palco de um fenômeno que tem potencial para incitar a prática da leitura entre as novas gerações, o #BookTok.

Os praticantes dessa moda já têm até nome: os “booktokers”. No TikTok, eles fazem comentários, resenhas e leem trechos de livros. O método virou uma verdadeira estratégia de comunicação das editoras e tem feito livros para crianças e adolescentes sumirem das livrarias da França.

O Festival do Livro de Paris quer amplificar ainda mais esse fenômeno para estimular o gosto dos jovens pela leitura. Para essa edição do evento, booktokers famosos participarão de uma mesa redonda no salão nesse fim de semana sobre a questão do engajamento dos jovens à leitura.

 

 

Edgar Morin na programação

Antigo “Salão do Livro de Paris”, o evento, que chega à sua 42a. edição, mudou de nome há dois anos, após ser cancelado duas vezes devido à pandemia de Covid-19. Até domingo (23), um espaço efêmero de 6.500 m2 no Champs de Mars, em frente à torre Eiffel, deve acolher cerca de 100 mil frequentadores.

Neste ano, o convidado de honra é a ItáliaBoa parte da programação gira em torno de obras e autores italianos: mesas-redondas, encontros, palestras, entrevistas, workshops. Masgrandes nomes da literatura francesa também marcam presença no evento, como Amélie Nothomb, Daniel Pennac, Brigitte Giraud - vencedora, no ano passado, do Goncourt, o maior prêmio de literatura da França.

Um dos destaques da programação será o filósofo, antropólogo e sociólogo francês Edgar Morin. Ele será entrevistado pelo jornalista Jean-Claude Perrier na tarde de sábado (22). Aos 101 anos, Morin se prepara para lançar sua nova obra, “Encore un moment”, em junho.

Em três dias de salão, serão mais de 200 eventos, entre eles, centenas de sessões de autógrafos. Mais de 300 escritores participam desta edição do Festival do Livro de Paris, programa indispensável para os amantes de literatura na França.

 

Cartaz oficial da edição de 2023 do Festival do Livro de Paris.
Cartaz oficial da edição de 2023 do Festival do Livro de Paris. © Divulgação

 

Aumento recorde de livrarias

Prova de que o hábito da leitura faz parte da cultura francesa é o aumento recorde de aberturas de livrarias no país. Segundo o instituto Ipsos, 89% dos cidadãos leram ao menos um livro em 2022. Em média, os franceses leem 22 livros por ano, com um aumento de quatro livros em relação a 2021.

O aumento no consumo de obras tem um efeito: um recorde de aberturas de livrarias em toda a França. No ano passado, 142 novas livrarias foram criadas em todo o país.

O fenômeno teve início em 2010, mas a pandemia de Covid-19 impulsionou essa tendência. Os meses de confinamento serviram para os franceses colocar a leitura em dia.

No período de crise sanitária, as livrarias não eram consideradas comércios essenciais, como supermercados e farmácias e tiveram que fechar. Por outro lado, podiam vender pela internet, através do sistema click & collect, que permitia que consumidores pudessem buscar as mercadorias nas portas das lojas.

Ao mesmo tempo, houve uma mobilização da população para privilegiar a compra de livros em estabelecimentos independentes e locais, evitando as grandes redes. O resultado é um aumento na quantidade de livros consumidos e um recorde de aberturas de novas livrarias em toda a França.

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