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Um pulo em Paris

Com a França na final da Copa, boicote contra o Catar mingua

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A França está na final da Copa do Mundo e pode se tornar, junto com a Itália e o Brasil, a terceira seleção a vencer duas Copas consecutivas. Após as sucessivas vitórias do time de Didier Deschamps, o boicote contra o Catar parece ter ido por água abaixo.

Os torcedores franceses fizeram uma grande festa após a vitória contra o Marrocos na quarta-feira (14), pelas semifinais da Copa do Mundo.
Os torcedores franceses fizeram uma grande festa após a vitória contra o Marrocos na quarta-feira (14), pelas semifinais da Copa do Mundo. AP - Francois Mori
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O início da Copa do Mundo foi marcado pela mobilização de torcedores e da classe política francesa contra o Catar. No início de novembro, 42% dos franceses diziam que não assistiram aos jogos em protesto. O movimento foi iniciado pelo ex-jogador francês Eric Cantona, para quem a realização do Mundial em Doha é “uma aberração”.

De fato, o Catar protagoniza diversos escândalos, com milhares de mortos na construção dos estádios da Copa, além da climatização antiecológica das arquibancadas, a intolerância aos homossexuais, e a recente suspeita de envolvimento em um sistema de corrupção no Parlamento Europeu.

Em protesto, prefeituras de várias cidades francesas, entre elas, Paris, decidiram não instalar fan zones. A mobilização teve repercussão na quantidade de torcedores que viajaram para assistir aos jogos na sede da Copa, seis vezes menor do que no Mundial da Rússia, em 2018, segundo o jornal L’Equipe.

Por outro lado, a evolução da seleção francesa na competição foi enfraquecendo o boicote. Na última quarta-feira (14), a transmissão do jogo França e Marrocos pelo canal aberto TF1 registrou recorde de audiência em Copa do Mundo, com mais de 23 milhoes de telespectadores.

Em todo o país, bares lotados e a festa dos torcedores na avenida Champs-Elysées, em Paris, mostraram que a paixão pelo futebol é maior. Até políticos aliviaram o tom nos últimos dias, como o líder do Partido Comunista francês, Fabien Roussel, que em setembro declarou: “se eu fosse jogador de futebol, não iria à Copa”. Mas, nesta semana, voltou atrás e admitiu que vai assistir à final do Mundial.

Macron na final da Copa

Desde o início, o presidente francês, Emmanuel Macron, se negou a participar do boicote. Em novembro, ao comentar sua possível ida a Doha para assistir à semifinal e à final do Mundial, ele afirmou que “o esporte não deveria ser politizado” – uma declaração que recebeu uma enxurrada de críticas.

Na última quarta-feira (14), antes do jogo da França contra o Marrocos, o presidente francês voltou a provocar uma polêmica, ao anunciar que iria assistir à semifinal em Doha. Para a classe política francesa, principalmente a esquerda, é inadmíssivel que um chefe de Estado apoie um evento esportivo realizado em um país envolvido em tantas polêmicas: a última delas veio à tona na semana passada - um escândalo de corrupção envolvendo o Catar e o Parlamento Europeu.

O chefe do partido socialista francês, Olivier Faure disse compreender que os torcedores assistam às partidas, mas ter um presidente que viaja para o Catar para ver um jogo é apoiar um regime questionável. “É claro que os franceses e as francesas estão ligados nesta Copa do Mundo e a assistem. Mas não podemos endossar um regime quando vemos dia após dia o que ele representa”, afirmou.

Já os ecologistas denunciam a pegada de carbono do presidente francês que fez um bate e volta em Doha com o avião presidencial. Mas, ao que tudo indica, Macron deve retornar à Doha para assistir à final no domingo.

Ao ser questionado sobre a viagem, o chefe de Estado francês disse que “assume completamente” sua decisão, e que não deixará de apoiar os “Bleus”, como é chamada a equipe de Didier Deschamps. Macron aproveitou para criticar o boicote, ressaltando a grande audiência nas transmissões dos jogos na TV: "Amamos a nossa seleção, temos orgulho dela, queremos que ela vença, e vamos apoiá-la até ao fim".

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