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Um pulo em Paris

Dificuldade de recrutamento de condutores e motoristas afeta funcionamento de metrôs e ônibus em Paris

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Desde o início do segundo semestre de 2022, o tempo de espera pelos metrôs e ônibus em Paris mais do que dobrou nas estações, resultando em superlotação do transporte público nos horários de pico. O problema: a grande dificuldade em recrutar condutores e motoristas.

A Rede Autônoma de Transportes Públicos (RATP) enfrenta grandes dificuldades para recrutar condutores de metrôs e motoristas de ônibus na região parisiense.
A Rede Autônoma de Transportes Públicos (RATP) enfrenta grandes dificuldades para recrutar condutores de metrôs e motoristas de ônibus na região parisiense. AFP - CHRISTOPHE ARCHAMBAULT
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Nas redes sociais da França, multiplicam-se as reclamações sobre a longa espera e a quantidade de passageiros no transporte público parisiense. Vídeos e fotos mostram grandes aglomerações nos horários de pico.

Segundo o sindicato Île-de-France Mobilités (IDFM), que representa os trabalhadores do transporte público da região parisiense, há um verdadeiro problema de recrutamento de condutores e motoristas na capital francesa. Em entrevista ao jornal Libération, David Belliard, vice-presidente do IDFM, afirma que, devido à precarização das condições de trabalho, há um aumento de ausências dos empregados por motivos de saúde e demissões.

O secretário-geral da União Nacional dos Sindicatos Autônomos (Unsa) da Rede Autônoma de Transportes Públicos (RATP), Arole Lamasse, aponta um fenômeno de aumento de abandono de emprego entre condutores do metrô e motoristas de ônibus de Paris. Segundo ele, o metrô da capital francesa registra atualmente a falta de 300 profissionais.

Na rede de ônibus, a situação é pior e centenas de outras vagas estão em aberto. Segundo o jornal Le Parisien, 800 continuavam vazias em meados de setembro. “As dificuldades de recrutamento são inéditas”, afirma ao diário Alexandre Guyot, diretor de recursos humanos da rede de ônibus da RATP.

Setores “sob tensão”

O transporte público é um dos setores classificados como “sob tensão” na França. Várias profissões enfrentam dificuldades de recrutamento, como trabalhadores domésticos, encanadores, enfermeiros, cuidadores, profissionais de creches, profissionais do serviços de hotelaria e restaurantes, cabeleireiros, esteticistas, entre outros.

Para resolver a dificuldade de recrutamento, o governo deve criar em breve um visto de trabalho especial para estrangeiros em situação irregular. Segundo o ministro francês do Interior, Gérald Darmanin, isso serviria para legalizar o status de algumas pessoas e resolveria o problema para esses setores empregarem.

O projeto faz parte da reforma das leis de imigração e asilo, que já gera polêmica na França. Em entrevista ao jornal Le Monde na quarta-feira (2), Darmanin e o ministro francês do Trabalho, Olivier Dussopt, apresentaram alguns pontos da futura legislação, mas derraparam em algumas declarações.

“Se eu tivesse que resumir, eu diria que a partir de agora seremos maus com os maus e bons com os bons”, disse Darmanin, ele próprio descendente de argelinos e tunisianos.

O ministro do Interior também suscitou indignação ao fazer um paralelo entre o que ele considera como um alto número de estrangeiros na França – 5 milhões em um país de quase 68 milhões de habitantes – a problemas de ordem pública. Segundo ele, 19% dos atos de delinquência na França são cometidos por estrangeiros.

Por isso, a reforma das leis da imigração e asilo também incluem uma série de medidas que facilitarão expulsões de estrangeiros em situação irregular, um mecanismo chamado de Obrigação de Deixar o Território Francês (OQTF, na sigla em francês). O tema ocupou o debate público nas últimas semanas, após o bárbaro assassinato em Paris de Lola, uma menina de 12 anos, que gerou uma forte comoção. A autora do crime, uma argelina de 24 anos, havia recebido uma OQTF, mas continuou vivendo clandestinamente na França.

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