Patrícia Lavelle publica livro na França e confirma dinamismo da poesia brasileira feita por mulheres
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Patrícia Lavelle é uma das representantes da poesia contemporânea brasileira feita por mulheres que ganha cada dia mais visibilidade. A poeta e professora de Teoria Literária da PUC-Rio acaba de lançar na França o livro “Bye Bye Babel”, pela editora Les Presses du Réel/Coleção Al Dante, dirigida por Laurent Cauwet.
“Tem uma parte do livro que foi uma autotradução, mas no que eu fui me traduzindo, eu modifiquei várias coisas”, conta.
Nesse processo, novos poemas foram surgindo em francês e são publicados agora pela primeira vez. Inicialmente, Bye Bye Babel, que foi o livro de estreia de Patricia Lavelle na poesia, “foi um retorno ao Brasil, à língua, ao português”, depois de a professora universitária ter passado vários anos estudando na França. Ela diz que agora o processo foi completado. “Eu só consegui sair do processo desse livro depois de reescrevê-lo em francês”, afirma.
Um dos poemas de Bye Bye Babel ilustra bem essa “migração” entre as línguas: o título é em francês, os versos em português, com uma frase em inglês.
"Autrement
ecos do dia
num caleidoscópio
movem-se lentas larvas
entre palavras e coisas
In other words
ninguém sonha em prosa"
Poeta na França
Como muitos jovens, Patrícia Lavelle escrevia poemas quando criança e sempre foi uma leitora de poesias, mas a vontade de escrever em versos, de ser poeta, surgiu na França. “Eu fui estudar filosofia, fui estudar a teoria e, de algum modo, meu desejo de escrita foi indo em direção ao ensaio, mas voltou para a poesia. Eu acho que a poesia é uma coisa primeira na minha vida, importante e central”, salienta
Ela é uma das representantes da poesia contemporânea brasileira feita por mulheres, que tem tido cada vez mais visibilidade e destaque, no Brasil e também na França. A professora da PUC do Rio organizou o dossiê “Vozes de mulheres; poesia (e política) no Brasil de hoje”, publicado revista “Place de La Sorbonne” no ano passado. Ela também foi uma das poetas contemporâneas brasileiras escolhidas por Inês Oseki Depré para integrar "Poesia Intratável", uma antologia de poesia brasileira contemporânea, publicada no início deste ano também na Coleção Al Dante.
No entanto, ela não acha que integra um único movimento. “Eu acho que nós somos muitos movimentos. Eu acho que essa pluralidade é importante. Somos muitas vozes com caminhos diferentes, com diferentes entradas.” Em relação ao século 20, onde houve grandes, mas poucas mulheres poetas, ela destaca que a diferença está justamente “na quantidade de mulheres ocupando esses espaços. E, de fato, me sinto feliz de ser uma delas”.
Além de ocupar esse espaço na cena poética contemporânea, Patrícia Lavelle também ressalta o fato de estar “trazendo a literatura brasileira também para a França, como representante, não só das mulheres”. A professora de Teoria Literária avalia que “a literatura do Brasil é pouco conhecida na França e eu tenho vontade de continuar fazendo isso, trazendo as vozes das mulheres sempre, claro, mas trazendo as vozes brasileiras de uma maneira geral”.
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