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"Festival do Curta de Clermond-Ferrand mudou a minha vida", diz jovem realizador brasileiro

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O carioca Jean Costa participa pela segunda vez do Festival do Curta-Metragem de Clermont-Ferrand (centro), considerado o maior evento do mundo nesta categoria de filmes. Jean integra o júri da premiação especial do melhor Queer filme, que será escolhido a partir de um recorte de todos os curtas inscritos nas três competições oficiais. Em entrevista à RFI, o brasileiro conta como este festival francês abriu novas perspectivas para a carreira dele no cinema.

O carioca Jean Costa é um dos três jurados do prêmio de melhor filme Queer de Clermont-Ferrand.
O carioca Jean Costa é um dos três jurados do prêmio de melhor filme Queer de Clermont-Ferrand. © SQPLCM Camille Dampierre
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Adriana Moysés, enviada especial a Clermont-Ferrand

Em 2021, Jean Costa teve seu primeiro curta-metragem – “Levados” (“Gare aux Coquins”, título original em francês) – selecionado para a competição nacional do Festival de Clermont-Ferrand. Foi uma ascensão relâmpago para o estudante que saiu do Rio de Janeiro para fazer um mestrado em história do cinema em Paris, depois de se graduar em comunicação com habilitação em audiovisual na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Desde que pisou em solo francês, os amigos diziam que este festival renomado e de grande público era a meca do curta-metragem. A fama ficou gravada na memória do carioca sem que ele conseguisse imaginar este universo. “Eu nunca pensei em ser diretor. Eu sempre fui montador de filmes, então a possibilidade de vir a ser diretor era menor. Até que eu consegui fazer um primeiro filme e ele foi selecionado nesse festival”, recorda.

A trajetória do brasileiro começou a se diversificar depois que ele conheceu a associação GREC, sigla para Grupo de Pesquisas e Ensaios Cinematográficos. “Eles têm uma parceria com uma universidade na Córsega, que é uma ilha francesa. Nessa parceria, eles selecionam seis pessoas que querem ser diretores, mas que nunca fizeram um filme”, conta.

Escolhido entre outros concorrentes, Jean Costa passou um ano na ilha, estudando direção, produção e roteiro. “No fim desse ano de estudos, a gente faz um primeiro filme, que tem um pequeno financiamento”, explica. Assim nasceu o curta “Levados”, selecionado posteriormente para a mostra Lab, competição de filmes experimentais do Festival de Clermont-Ferrand. Os organizadores afirmam ter ficado "comovidos" com o filme e convidaram o carioca para ser jurado do prêmio Queer em 2023.

“Eu fiquei muito feliz porque faz apenas dois anos que eles criaram o prêmio Queer, uma iniciativa muito interessante sobretudo pela forma como foi pensada”, diz o brasileiro. Os concorrentes a este prêmio adicional são selecionados dentro das três grandes competições oficiais do evento, sem fazer parte de uma sessão especial dedicada às temáticas LGBTQI+. “Eu acho muito interessante, porque não tem uma certa discriminação de uma sessão em que eles estão concorrendo somente entre eles. Eles estão concorrendo com todos os outros filmes. É mais um prêmio à parte”, destaca Jean Costa.

Apesar de estar na França há apenas seis anos, o diretor e editor afirma que "tudo mudou" em sua vida depois de participar do Festival de Clermont-Ferrand. “Produtores vieram me contatar para saber quais seriam os meus novos projetos e se eu já tinha alguma coisa escrita; realmente foi um trampolim para minha carreira como diretor e que me deu ainda mais vontade de continuar”, afirma.

Projetos

Jean Costa tem dois projetos de curta-metragem em desenvolvimento. Um curta de ficção que se passa na França, no universo fantástico. Ele também acaba de ganhar uma bolsa de escrita e pesquisa, acompanhada de financiamento para realizar um documentário no Brasil. “Esse filme já é mais pessoal, fala um pouco sobre a rua em que eu nasci”, ressalta.

“Eu morei numa favela até os meus 16 anos e saí de lá junto com a minha família porque o governo implantou um programa de urbanização de favelas e decidiu destruir o lado da rua em que eu morava”, relata. "Eu e minha família fomos meio expulsos do local."

Segundo o jovem diretor, a promessa feita aos moradores na época era a de construção de novas moradias e novos lugares de lazer. “Coisa que nunca aconteceu”, constata. “A casa em que eu morei por mais da metade da minha vida não existe mais. Essas memórias não existem mais. Então, a ideia é passar por uma narrativa mais pessoal para entender um pouco mais sobre arquitetura na favela, como são pensados os modelos de urbanização nesses lugares no Brasil”, sublinha. São dois curtas bem diferentes; duas chances de sucesso à vista.

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