Relação entre brasileiros e o oceano é tema de pesquisa apresentada em Portugal
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A bióloga Janaína Bumbeer apresentou nesta quinta-feira (30) em Lisboa, em um evento paralelo à Conferência dos Oceanos organizada pelas Nações Unidas, um trabalho inédito de pesquisa, intitulado “Oceano sem mistérios”. O projeto é focado principalmente na relação do brasileiro com o mar.
Adriana Niemeyer, correspondente da RFI em Lisboa
A pesquisa foi feita em nível nacional, incluindo todas regiões e características do Brasil. “A ideia é que ela seja replicada em outros países e regiões para termos uma comparação e percepção global de como as pessoas entendem a sua relação com o mar e assim agir para mudar a realidade”, explica a bióloga.
Pioneira no mundo, pela abordagem que não contempla somente as pessoas ligadas ao mar, mas também a população que está longe dele, no interior do país, a bióloga ressaltou alguns resultados interessantes. “Cerca de 40% dos entrevistados não entende que existe esta relação, e que o oceano influencia a sua vida. E isso é surpreendente se levarmos em conta tantos serviços dos quais ele é também responsável, como o próprio ar que respiramos”, afirmou.
“Grande parte também não consegue elencar de que forma pode impactar o oceano. E mais de 80% nunca ouviu falar em economia do mar ou economia azul, apesar de entenderem que o oceano é importante para a economia. Ao perguntarmos como o oceano pode ser relacionado com a economia, 25% não soube dar nenhum exemplo”, explica.
O trabalho, financiado pela Fundação Boticário em parceria com a Universidade Federal de São Paulo e a UNESCO, começou a ser organizado em 2021. Foram entrevistadas 2 mil pessoas representativas da população brasileira, com margem de erro de 2%.
Em relação aos benefícios que poderá trazer para o futuro e a saúde dos mares na Década dos Oceanos(programação coordenada pela Unesco entre 2021 e 2030), Janaína Bumbeer conclui que “só estar na posse destas informações e falar delas já se pode dizer que o mar está mais comunicado, que estamos chamando a atenção para os problemas. Não só os especialistas ligados ao mar, mas também o governo, vão poder ajustar suas políticas de comunicação e estratégias de educação, para uma transformação real. Assim, com o fim da década em 2030, ao refazermos a pesquisa, vamos poder ver o resultado e um cenário diferente de hoje em dia”, finaliza.
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