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O Mundo Agora

Guerra no Oriente Médio entre Israel e o Hamas divide a Europa

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O primeiro efeito na Europa dessa nova fase da guerra no Oriente Médio, entre Israel e o a organização palestina Hamas, foi jogar a guerra na Ucrânia para segundo plano. Em seguida, o ataque terrorista do Hamas, deflagrado em 7 de outubro, e a retaliação como de costume duríssima por parte do governo israelense, provocou diferentes reações no continente europeu.

Caminhões transportando ajuda humanitária para Gaza aguardam a abertura da passagem de Rafah na cidade de Al Arich, perto da fronteira egípcia, em 16 de outubro de 2023.
Caminhões transportando ajuda humanitária para Gaza aguardam a abertura da passagem de Rafah na cidade de Al Arich, perto da fronteira egípcia, em 16 de outubro de 2023. REUTERS - STRINGER
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Flávio Aguiar, analista político

Todos os governos da Europa se solidarizaram com Israel e condenaram o Hamas. Mas houve nuances na reação geral.

A Dinamarca e a Suécia logo anunciaram a suspensão temporária da ajuda financeira aos palestinos para uma “revisão de seus programas”. Já as autoridades da União Europeia e de outros países decidiram que não interromperiam a ajuda, feita através de organismos da ONU e de organizações como a Autoridade Palestina.

Nas ruas das cidades europeias, no entanto, a situação é bem distinta. As manifestações de apoio ao povo palestino e às suas reivindicações se multiplicaram em todo o continente. Muitos destes protestos envolveram um apoio à ação do Hamas.

As manifestações pró-palestinos foram proibidas em quase todo o continente, decorrendo daí confrontos com a polícia e prisões de manifestantes.

Segurança reforçada

As medidas de segurança foram reforçadas em toda a Europa. Houve pelo menos um atentado fatal na França e uma ameaça de bomba levou ao fechamento do Museu do Louvre, em Paris.

Há um temor generalizado de que esta nova fase da guerra fortaleça o recrudescimento de manifestações antissemitas.

Na mídia, a reação inicial também se concentrou no repúdio à violência desencadeada pelo Hamas em território israelense.

Nos últimos dias, no entanto, cresceram as manifestações de pesar e temor diante da situação dos palestinos na Faixa de Gaza, que enfrentam os contínuos bombardeios aéreos por parte de Israel que atingiram inclusive hospitais e outras instalações civis.

O temor aumenta diante da expectativa de uma intervenção terrestre do Exército israelense, o que pioraria muito as já deterioradas condições de vida em Gaza, com o suprimento de água, eletricidade e alimentos cortado pelo governo de Tel Aviv.

Na Faixa de Gaza, espremida entre sua fronteira com Israel ao norte e a leste (51 km), o Mar Mediterrâneo a oeste e uma nesga de fronteira com o Egito ao sul (11 km), vivem 2,3 milhões de palestinos.

Em termos de comparação, o Distrito Federal Brasileiro tem um pouco mais de habitantes, 2,6 milhões. Mas a Faixa de Gaza tem 365 km2, enquanto o DF é mais de 15 vezes maior, com 5,8 mil km2.

Guerra de narrativas

A guerra no campo de batalha desencadeou, é claro, uma guerra de narrativas sobre ela. As autoridades da União Europeia advertiram as plataformas na internet, em particular o X (ex-Twitter) de Elon Musk, sobre a profusão de fake news que utilizam, muitas vezes, imagens de conflitos antigos para reforçar as denúncias sobre atrocidades cometidas por ambos os lados no presente.

Por hora, há uma série de incógnitas e fios soltos nas narrativas apresentadas.

Qual será o destino de Gaza, depois da ação do governo israelense, que poderá destruir o território?

Qual será a situação do Hamas?

E qual o futuro do próprio governo de Israel, apontado como o mais direitista da história do país? Partidários afirmam que ele sairá reforçado. Vozes mais críticas dizem que ele sairá fragilizado, acusado de negligência diante do perigo que se armava nas catacumbas de Gaza.

Como ficarão as relações de Israel, da Autoridade Palestina e de outros grupos palestinos com os países árabes e outros países da cena internacional?

Entre tantos fios soltos, um está certamente firme no tecido atual: por enquanto, a paz não tem a menor chance na região.

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