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O Mundo Agora

Biden na Arábia Saudita marca volta dos EUA ao tabuleiro regional

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Mais dúvidas do que respostas ficaram no ar após a visita do presidente dos Estados Unidos Joe Biden à Jeddah, Arábia Saudita, para o Fórum de Segurança e Desenvolvimento. Primeiramente, a visita foi vista como de alto risco por parte da diplomacia americana, mas ao mesmo tempo, extremamente necessária, dado o ambiente geopolítico e de produção energética no mundo. 

O presidente dos EUA, Joe Biden, e o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, durante a reunião do 'GCC+3' (Conselho de Cooperação do Golfo) em um hotel em Jeddah, Arábia Saudita, em 16 de julho de 2022.
O presidente dos EUA, Joe Biden, e o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, durante a reunião do 'GCC+3' (Conselho de Cooperação do Golfo) em um hotel em Jeddah, Arábia Saudita, em 16 de julho de 2022. © RMandel Ngan/Pool via REUTERS
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Desde o assassinato do jornalista Jamal Kashoggi, há 4 anos, o príncipe-herdeiro saudita, Mohammed Bin Salman, tem sido rejeitado pelos principais líderes do Ocidente. Naturalmente, esse afastamento gerou um vácuo de influência que foi rapidamente ocupado pela China. A paralisia na relação entre EUA e Arábia Saudita, nos últimos quatro anos, se deu não apenas pelo assassinato de Kashoggi, mas também pelo desvio de foco da política externa americana para fora do Oriente Médio e com mais atenção ao Indo-Pacífico. 

Nesse contexto, as relações entre China e Arábia Saudita se fortaleceram rapidamente. A China se tornou a principal importadora de petróleo saudita, ao mesmo tempo em que auxilia o governo de Bin Salman a diversificar sua produção. Minas de urânio com apoio chinês já estão em operação no país. Em paralelo ao fortalecimento das relações entre China e Arábia Saudita, a eclosão da guerra na Ucrânia, aumentou a dependência de países no mundo em cima daqueles produtores de petróleo. A pressão exercida pelos EUA, União Europeia e outros, para que os membros da OPEP aumentassem a produção a fim de abater um pouco o custo do barril do petróleo, deu uma vantagem diplomática para qualquer negociação que envolva um país produtor como a Arábia Saudita. 

"Responsáveis presos"

Durante a visita de Biden, há relatos de que o assassinato de Kashoggi foi mencionado pelo presidente americano, tendo a resposta de Bin Salman apenas como: "os responsáveis estão presos” e “foi uma operação sem a minha autorização”. Independentemente da franqueza de Bin Salman, a visita de Biden foi bastante positiva para o saudita e potencialmente negativa para Biden. 

Positiva no sentido que Bin Salman volta a entrar no radar do Ocidente e, com a visita de Biden, tratará o encontro como uma demonstração de que o assassinato de Kashoggi são águas passadas. Além disso, com o poder de aumentar a produção de petróleo (ou não), Bin Salman passa a ser um dos principais tomadores de decisão globais que pode afetar as inflações domésticas e as crises energéticas ao redor do mundo. 

Para Biden, potencialmente negativa pois, de imediato, não houve nenhuma vitória evidente na ida à Arábia Saudita. Os laços entre os sauditas e os chineses permanecem sólidos. Segundo, os sauditas não mostraram nenhuma disposição em aumentar a produção de petróleo. No entanto, a ida de Biden traz um ponto positivo para a política externa americana. O reencontro com um importante país do Oriente Médio, faz com que os EUA retornem ao tabuleiro regional e busquem iniciar um processo que desbanque a influência chinesa na região. Para que isso funcione, as idas deverão ser mais constantes e algo mais concreto precisará estar na mesa. 

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