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Linha Direta

União Europeia precisa vencer resistência da Hungria para abrir negociações com a Ucrânia

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Considerada uma das reuniões de Cúpula mais importantes dos últimos anos, líderes europeus estão reunidos em Bruxelas nesta quinta (14) e sexta-feira (15) para tentar abrir as negociações de adesão com a Ucrânia; porém a Hungria insiste em vetar o processo.

Homem envolto na bandeira da União Europeia observa trabalhadores desmantelando esculturas da era soviética em Sofia, Bulgária, em 13/12/23.
Homem envolto na bandeira da União Europeia observa trabalhadores desmantelando esculturas da era soviética em Sofia, Bulgária, em 13/12/23. REUTERS - STOYAN NENOV
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Letícia Fonseca-Sourander, correspondente da RFI em Bruxelas

A última reunião de Cúpula dos líderes europeus este ano será decisiva para o futuro da Ucrânia, os dirigentes do bloco deverão tomar uma decisão histórica de iniciar negociações sobre a adesão da Ucrânia e selar um acordo de € 50 bilhões para salvar a economia do país destroçado pela guerra.

Este seria o cenário ideal para a União Europeia se não fosse a ameaça da Hungria em acabar com a festa. Para que a Ucrânia comece as negociações de adesão é preciso unanimidade no bloco europeu, mas o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, que se orgulha de seus fortes laços com o presidente russo, Vladimir Putin, insiste em afirmar que vai bloquear a decisão sobre o convite a Kiev, assim como votará contra a proposta bilionária de ajuda financeira.

O clima em Bruxelas é tenso, apesar da Comissão Europeia, às vésperas do início da Cúpula, ter desbloqueado  € 10 bilhões dos fundos comunitários para a Hungria, o equivalente a um terço do valor congelado pela UE devido a questões relacionadas à erosão do Estado de direito no país.

A Comissão argumentou que a Hungria realizou um conjunto de reformas judiciárias e que merece acesso à parte do montante suspenso. A decisão foi fortemente criticada por líderes dos principais grupos políticos do Parlamento Europeu. “Von der Leyen está pagando o maior suborno da história da UE ao autocrata e amigo de Putin, Viktor Orbán”, afirmou o eurodeputado alemão Daniel Freund.

Jogo duro

É pouco provável que este dinheiro seja suficiente para persuadir a Hungria a mudar de rumo. O premiê húngaro continua reafirmando a sua posição sobre bloquear a abertura das negociações de adesão com a Ucrânia. Budapeste acredita que abrir caminho para Kiev compromete a credibilidade do bloco.

Muitos acreditam que Viktor Orbán está explorando a Cúpula europeia e o seu poder de veto para chantagear Bruxelas a retomar todos os pagamentos suspensos da Hungria. Bruxelas está trabalhando com outros cenários para contornar o provável veto de Budapeste. Uma ideia seria adotar um instrumento jurídico diferente para obter ajuda financeira para a Ucrânia através da votação por maioria qualificada.

Outra possibilidade seria agendar uma reunião de Cúpula em janeiro e declarar a intenção de abrir negociações com a Ucrânia desde que Kiev continue no caminho das reformas necessárias. A relação entre Bruxelas e Budapeste é ruim desde que Viktor Orbán chegou ao poder em  2010, se deteriorou com a crise dos refugiados em 2015 e estremeceu ainda mais com o recente apoio do governo húngaro à Moscou.

Fracasso poderia comprometer influência da UE

Em Bruxelas, o novo primeiro-ministro polonês, Donald Tusk – que foi presidente do Conselho Europeu durante anos - disse que Viktor Orbán é um político muito pragmático, e que vai buscar uma maneira de vencê-lo. “A apatia em relação à Ucrânia é inaceitável”, afirmou Tusk, que prometeu convencer alguns Estados-membros a ajudar o país.

Segundo especialistas, um fracasso nos planos de Bruxelas teria um efeito muito negativo em Washington e seria uma benção para Vladimir Putin. Um fracasso levantaria questões mais profundas sobre a democracia na União Europeia, como, por exemplo, o fato de ver o bloco europeu como um modelo de democracia poderia estar comprometido, e isso poderia afetar a capacidade da União Europeia de influenciar países em todo o mundo.

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