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Linha Direta

Holandeses vão às urnas decidir novo Parlamento em eleição tensa entre três partidos

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A Holanda vai às urnas nesta quarta-feira (22) para escolher o novo Parlamento em uma eleição tensa entre três partidos políticos que lideram as sondagens e a possibilidade de ter pela primeira vez uma mulher ocupando o cargo de primeira-ministra do país.

Cartazes eleitorais perto do prédio do Parlamento em Haia, Holanda, em 20 de novembro de 2023.
Panneaux d’affichage électoraux à proximité du Parlement à La Haye, Pays-Bas, le 20 novembre 2023. © Peter Dejong/AP
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Letícia Fonseca-Sourander, correspondente da RFI em Bruxelas

O fenômeno político do momento é Pieter Omtzigt, candidato outsider que formou o partido Novo Contrato Social (NSC) há apenas três meses, apesar da experiência de uma carreira política como deputado por duas décadas. Carismático, Omtzigt ganhou fama por descobrir irregularidades que provocaram a demissão do atual governo.

O ex-deputado democrata-cristão é pai de quatro filhos e tem dito que não quer ser primeiro-ministro porque tem compromissos em casa com a família. Se o NSC vencer as eleições, provavelmente outro político será nomeado para chefiar o governo.

A candidata que está no topo das sondagens é a atual ministra da Justiça holandesa, Dilan Yesilgöz, que chegou ao país ainda criança como refugiada turco-curda, e que pode se tornar a primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra da Holanda.

Ironicamente, a liberal-conservadora, apelidada de "pitbull de saltos altos", adotou uma linha dura em matéria de imigração e promete introduzir um sistema de asilo de dois níveis. Yesilgöz se tornou a nova líder da legenda de centro-direita, o Partido Popular para a Liberdade e Democracia (VVD), em julho, após o anúncio que o premiê Mark Rutte estava deixando a política holandesa.

Já Frans Timmermans, que renunciou ao cargo de comissário do clima da União Europeia para concorrer a primeiro-ministro da Holanda, ele é o único nome da esquerda da aliança dos Verdes (GroenLinks -GL) e Trabalhistas (PvdA), mas as pesquisas mostram que suas chances são pequenas.

O xenófobo Geert Wilders é o deputado mais antigo com 25 anos de mandato, mas o seu Partido pela Liberdade (PVV) anti-Islã e anti-UE nunca esteve no governo. O político de extrema-direita pretende suavizar sua retórica anti-Islã para fazer parte da próxima coalizão, atualmente seu partido está em quarto lugar nas pesquisas.

Eleições antecipadas

Em julho, o então primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, viu a coalizão governista se dissolver e anunciou sua renúncia por não conseguir negociar um acordo sobre medidas para controlar a imigração no país. A política de imigração na Holanda é uma das mais rigorosas da Europa e Rutte queria reduzir ainda mais o fluxo de estrangeiros que solicitam asilo no país, o que não foi aceito pelos partidos da coalizão governista.

O ex-primeiro-ministro holandês Mark Rutte apresentou a renúncia de seu governo no dia 7 de julho. As tensões sobre a política de migração da Holanda o levaram a jogar a toalha.
O ex-primeiro-ministro holandês Mark Rutte apresentou a renúncia de seu governo no dia 7 de julho. As tensões sobre a política de migração da Holanda o levaram a jogar a toalha. AP - Virginia Mayo

Conhecido por seu pragmatismo e capacidade de encontrar compromissos em diferentes tendências políticas, Mark Rutte esteve à frente do governo holandês durante quatro mandatos, totalizando 13 anos no poder. Apelidado de 'Senhor Teflon' pelo fato de nenhum passo em falso ou escândalo estragar sua reputação, o líder liberal deve aguardar a formação do novo governo para deixar o gabinete em Haia.

O sucessor de Mark Rutte herdará uma grande quantidade de questões problemáticas como a escassez de habitação, o elevado custo de vida, a reforma do setor agrícola e a transição energética.

Sistema político holandês

A Holanda é uma monarquia constitucional cujo chefe de Estado é o rei Guilherme. Normalmente, após as eleições parlamentares forma-se um governo de coalizão e o chefe deste governo é o primeiro-ministro, que geralmente é o líder do maior partido da coalizão.

O Parlamento holandês tem 150 deputados, o que significa que um governo precisa de 76 assentos para formar a maioria. Nenhum partido político nunca conseguiu isso e a Holanda tem sido governada por coalizões há mais de um século. O parlamento é eleito a cada quatro anos, assim como o Senado com seus 75 membros que são eleitos pelos 12 conselhos provinciais do país.

Nas últimas décadas, a política holandesa tem sido marcada por um forte declínio no apoio aos partidos históricos de governos de centro-direita e esquerda, cujo percentual de votos diminuiu de 80% para pouco mais de 40%. Na Holanda, esta tendência tem sido acompanhada pela proliferação de partidos pequenos. Nestas eleições, 26 siglas políticas estão concorrendo e até 17 podem ganhar pelo menos um assento no parlamento.

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