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Linha Direta

Londres estabelece maior zona de baixa emissão de poluentes do mundo

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A partir desta terça-feira (29), Londres terá a maior zona de baixa emissão de poluentes do mundo. A Ulez, como se chama na sigla em inglês (zona de emissão ultrabaixa, em tradução livre) foi estabelecida para penalizar veículos altamente poluidores e ajudar a limpar o ar da capital britânica. A ideia é acelerar o processo de substituição da frota de automóveis que circulam fora das atuais normas de emissões consideradas aceitáveis.

Sinalização em uma área limitada em zona de emissões Ultra Baixas (ULEZ) em Londres, Grã-Bretanha, 22 de agosto de 2023
Sinalização em uma área limitada em zona de emissões Ultra Baixas (ULEZ) em Londres, Grã-Bretanha, 22 de agosto de 2023 REUTERS - TOBY MELVILLE
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Vivian Oswald, correspondente da RFI em Londres

Londres foi a primeira cidade do mundo a implementar a novidade em 2019. Seu perímetro agora está sendo ampliado. Isso significa que mais motoristas terão que pagar taxas adicionais sempre que cruzarem os limites da área pré-definida. A medida, que era vista com bons olhos pela população, tornou-se motivo de polêmica em meio à crise da disparada do custo de vida no país. E, por isso, foi incluída no debate político.

Dados do periódico Pesquisa sobre Poluição Atmosférica publicados em agosto de 2022 indicam que a Ulez reduziu em 12% a concentração de dióxido de nitrogênio nas áreas demarcadas em comparação com o período em que não havia restrições.

Veículos fora das normas de emissões estão sujeitos a taxa diária de 12,50 libras (pouco mais de R$ 77) sempre que circulam dentro da Ulez. O valor incide sobre automóveis de modelos mais velhos, carros, motocicletas, vans e outros com até 3,5 toneladas, além de micro-ônibus com até 5 toneladas.

Essa é apenas uma das taxas cobradas de motoristas que dirigem em Londres. No miolo da capital existe desde 2003 a chamada zona de congestionamento. Está demarcada no asfalto. Ao cruzar a marcação, os motoristas de todo e qualquer veículo têm que pagar uma taxa diária de quase R$ 93. A cobrança é feita a partir da imagem colhida por câmeras instaladas nos limites da área pré-determinada.

Outras experiências

Taxar a circulação de veículos para conter os níveis de poluição não chega a ser novidade. Existe em Estocolmo, na Suécia, desde 2007, e em Cingapura desde 1975. Medida semelhante está sendo preparada em Nova York, que deve ser a primeira cidade americana a fazê-lo. O tributo será cobrado sempre que motoristas entrarem em Manhattan. Em Londres, essas cobranças são ainda mais punitivas para os carros de modelos mais velhos, que além de pagar a taxa de congestionamento, precisam recolher a Ulez. Juntas podem custar R$ 170 por dia aos motoristas.

Essa é uma das promessas de campanha do prefeito de Londres, o trabalhista Sadiq Khan. Em novembro passado, ele disse que havia muita poluição por trás dos danos permanentes à saúde dos jovens londrinos e de milhares de mortes precoces anualmente. Segundo Khan, a expansão da Ulez vai ajudar 5 milhões de pessoas a respirarem melhor.

Mesmo assim, a medida é controversa. Foi questionada na Alta Corte e mantida. Mas criou problemas para o partido do prefeito londrino em eleições recentes. No pleito recente realizado na área administrativa de Uxbridge para escolher o novo deputado que ocuparia o assento do ex-primeiro-ministro Boris Johnson, os trabalhistas perderam por estreita margem. E o que se diz é que a derrota aconteceu justamente por conta da insatisfação com a expansão da Ulez.

Viés político

Com a baixa popularidade do partido Conservador, em meio à crise econômica que assola o país, achava-se que os trabalhistas levariam a cadeira com facilidade. Aliás, se as eleições gerais no Reino Unido fossem hoje, os trabalhistas venceriam com folga.

O curioso é que a Ulez, que existe em outras cidades da Inglaterra, como Birmingham e Manchester, não alterou o humor do eleitorado por lá. Uma outra curiosidade é que Uxbridge era a área de Johnson, e foi ele quem introduziu a ideia da Ulez em 2015, quando ainda era prefeito de Londres.

A Ulez pode ter dado vitória aos conservadores em Uxbrige e alimentado a pauta política. Mas dentro do próprio partido da situação há certa desconfiança em usá-la como arma nas próximas eleições. É sabido que o eleitorado britânico é favorável a ações sustentáveis. Mesmo assim, a discussão ainda deve dar muito pano para manga, já que há uma insatisfação geral de pequenos comerciantes. Eles se queixam de que a taxa pode afastar o consumidor das ruas.

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