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Esporte em foco

“Meu legado é mostrar o valor da pessoa com deficiência”, diz Daniel Dias ao se despedir das competições

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O desfile da cerimônia de encerramento dos Jogos Paralímpicos de Tóquio neste domingo (5) no Estádio Olímpico teve uma relevância suplementar para o Brasil. O porta-bandeira da delegação brasileira foi o multimedalhista paralímpico Daniel Dias que se despediu do esporte no Japão.

O nadador Daniel Dias exibe medalha durante Paralimpíadas de Tóquio 2020. O atleta se despediu da natação.
O nadador Daniel Dias exibe medalha durante Paralimpíadas de Tóquio 2020. O atleta se despediu da natação. REUTERS - MOLLY DARLINGTON
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A escolha de Daniel Dias como porta-bandeira foi uma homenagem do Comitê Paralímpico Brasileiro “ao maior atleta da natação paralímpica mundial”, indicou o presidente da entidade Mizael Conrado.

Na capital japonesa, o nadador conquistou três medalhas de bronze, nos 200m livre, 100m livre e revezamento 4x50m livre misto 20 pontos. E somou em sua carreira 28 medalhas paralímpicas, sendo 14 de ouro, um recorde. Ele havia anunciado a aposentadoria das piscinas em janeiro, e nadou a última prova de sua carreira na quarta-feira, 1º de setembro, quando ficou em quarto lugar nos 50m livre. Um momento de muitas emoções “que vai ficar marcado, após cinco anos de preparação intensa e muitas dificuldades” disse em entrevista à RFI, Daniel Dias.

O nadador se orgulha do legado que deixa. “Acredito que o grande legado que deixo é de mostrar o valor do ser humano, mostrar o valor da pessoa com deficiência, do que somos capazes de realizar quando acreditamos nos nossos sonhos, nos nossos objetivos e que, acima de tudo, uma deficiência não define quem somos. É esse legado que eu sempre tentei deixar, vai muito além de conquistas, de medalhas”, afirma.

Com a ajuda de Daniel Dias, a natação paralímpica brasileira fez em Tóquio a melhor atuação de todos os tempos. Foram ao todo 23 medalhas, sendo 8 de ouro, 5 de prata e 10 de bronze. Daniel se despede, mas novos astros da natação surgiram nesses Jogos Paralímpicos: Carol Santiago, Gabriel Araújo, Gabriel Bandeira e Wendell Belarmino.

Para o multimedalhista, o Brasil está no caminho certo, mas ainda pode fazer mais para melhorar a visibilidade dos paratletas. “Os Jogos do Rio foram um marco muito grande de ter o reconhecimento no Brasil. Mas sendo bem sincero, acho que a gente está bem aquém de visibilidade o esporte paralímpico. A gente tem muito a crescer no país, mas a gente está na caminhada, nos passos certos para que, cada dia mais, o atleta paralímpico tenha uma visibilidade maior e que a gente consiga, de fato, ter a visibilidade que busca, de acordo com todas as conquistas que temos”, avalia.

Melhor campanha da história

Não foi só na natação que o Brasil brilhou nessas Paralimpíadas. O atletismo terminou a disputa com recorde de medalhas e paratletas brasileiros conquistaram pódios inéditos em várias categorias como o ouro no goalball masculino, e a prata na canoagem.

O país fez a melhor campanha da história nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, ficando em 7º lugar no quadro de medalhas, com um total de 72: 22 de ouro, 20 de prata e 30 de bronze.

Para o atleta Paulo Sérgio Salmin Filho, da equipe de Tênis de Mesa, o Brasil se confirma como uma potência paralímpica. “O Comitê Paralímpico Brasileiro, junto com a Confederação, dá uma estrutura muito boa para a gente. O Brasil no paralímpico é uma potência. Desfrutar disso, ter a oportunidade de dar o máximo e vir aqui representar meu país é uma honra para a gente”, afirma Paulo Sérgio.

Jogos de Paris

Daniel Dias se aposentou das competições, mas vai continuar atuante no esporte. O nadador fundou um instituto que leva seu nome, para treinar pessoas com deficiência da região da cidade de Bragança Paulista e já participa do Conselho Nacional de Atletas e da Assembleia Geral do Comitê Paralímpico Brasileiro.

Ele já pensa nos Jogos Paralímpicos de Paris, em 2024: “Eu pensando no futuro, imaginando Paris, acredito que o Brasil vai ter grandes conquistas, como está tendo em Tóquio, mas vai ter ainda mais. A natação tem evoluído, crescido. Estou muito esperançoso para que esses meninos e meninas que estão aqui hoje continuem contribuindo com a natação paraolímpica brasileira, com o esporte paraolímpico e em Paris possam continuar sendo medalhistas”.

Como aconteceu nos Jogos Olímpicos, após a cerimônia em Tóquio que marcou o fim das Paralimpíadas, realizadas em condições excepcionais devido à pandemia de Covid-19, Paris recebeu neste domingo a bandeira paralímpica. A capital francesa vai acolher a próxima edição do evento em 2024.

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