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Brasil-Mundo

Conheça o brasileiro coautor da música Brighter Days a ser cantada na coroação de Charles III

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Vinte anos atrás, Moysés dos Santos desembarcava em Londres pela primeira vez. Veio se apresentar em turnê de seis meses com uma banda gospel de uma igreja evangélica. O baixista paulista, da Vila Madalena, se encantou pelo que viu e voltou dois anos depois. A ideia era estudar jazz no Conservatório de Birmingham, o que fez por poucos dias, até ser chamado para nova turnê com uma banda diferente, onde chegou até a tocar com um dos professores que abandonou no conservatório.

O músico brasileiro Moysés dos Santos em seu estúdio, em Londres
O músico brasileiro Moysés dos Santos em seu estúdio, em Londres © RFI/ Vivian Oswald
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Vivian Oswald, correspondente da RFI em Londres

Assim começou a carreira deste músico extrovertido, doce e cheio de amigos, que se radicou no Reino Unido e acabou incorporando um sotaque com entonação bem inglesa, idioma que só foi aprender quando se mudou para o país. Ele garante que a música é uma língua. Talvez essa seja a explicação.

Da entrada até a biblioteca do hotel Mandrake’s em Londres, onde conversou com a RFI Brasil, puxou assunto com todos pelo caminho. Descobriu até uma brasileira que convidou para assistir à entrevista. Moysés, que hoje toca mais funky jazz, já se apresentou com bandas de famosos e desconhecidos. Tocou em pubs no início da carreira e esteve no palco do Ronnie Scott’s, uma das maiores casas de jazz de Londres, onde já se apresentou até Chet Baker e outros gigantes da música.

Mas o que impulsionou a sua carreira recentemente e o animou dedicar-se a um álbum seu foi o fato de ser um dos coautores da canção "Brighter Days", que será entoada por um coral de 300 pessoas no programa de concertos que acontecerão em Windsor, no dia seguinte da coroação do rei Charles III. A música foi escolhida pelos organizadores do Palácio de Buckingham.

Ela nasceu dos dias sombrios dos arrastados períodos de lockdown a que os britânicos foram submetidos durante a pandemia de coronavírus. Entre um confinamento e outro, Moysés sentou-se com a amiga britânica Emile Sandé e o produtor Olie Green para fazer a composição. A canção saiu em minutos, segundo ele. “Cinco minutos mais tarde, a gente estava com a música. Foi uma coisa muito natural e positiva e a energia estava lá. Foi um dia de trabalho e um dia para editar”, diz.

Foi uma sensação de liberdade, antes mesmo de saber quando a pandemia ia acabar, num momento em que ainda não havia vacinas, segundo ele. “O mundo estava meio que virado do outro lado. Tudo o que a gente queria era mostrar uma música com vibes positivas para fazer as pessoas ficarem mais felizes. Essa música é especial para a gente, porque não sabíamos que ia tocar pelas rádios e pelo mundo”.

"Isso é história"

Sobre ver sua música cantada e transmitida ao vivo para milhares de aparelhos de televisão pelo mundo, Moyses não esconde o orgulho: “Isso é história! Não sabia que a música ia ser escolhida por ele, pelo time dele. Um coral de 300 pessoas vai cantar nesse dia e está todo mundo feliz. Não falei com a minha família ainda. Vou ter que falar!”, diz, abrindo um sorriso.

Moyses agora se dedica ao seu primeiro álbum, “Under the hat", que deve sair no final do ano. Mais conhecido fora do que no Brasil, ele quer badalar a novidade em casa. Seu projeto será multimídia e terá 16 artistas importantes que conheceu ao longa da carreira. Inclui ainda um livro de fotos dos artistas em gravação e ensaios para a confecção do álbum. As imagens também serão expostas em galerias. Outra novidade é que, quem escutar as canções, terá a possiblidade de silenciar instrumentos ou vozes para ter experiências diferentes com as mesmas músicas.

"Brighter days” já teve mais 9 milhões de visualizações no Spotify e é a quarta mais tocada por Emeli Sandé, que cantou na abertura dos Jogos Olímpicos de Londres em 2012. Virou tema de anúncio do bombom Ferrero Rocher, na Itália, e, segundo Moyses, já teria sido tocada para a rainha Elizabeth II em uma cerimônia na Abadia de Westminster.

Moyses, que já tocou com Janelle Monae, Gregory Porter, Gavin James, The Vamps e Omar Kamaal Williams, agora terá em seu álbum nomes como o do brasileiro Arthur Verocai, Emeli Sandé, Kate Stewart, Joseph Lawrence, Jay Prince, Free Nationals, o premiado trompetista Theo Crocker, Judi Jackson, Lynda Dawn, Hamzaa e Josh Barry. A produção é dele próprio e de Ankit Suri.

O músico brasileiro está cheio planos e todos incluem o Brasil, onde não põe os pés há quatro anos. Mas promete que irá assim que terminar o álbum, ao qual se dedica há um ano.

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