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A Semana na Imprensa

França enfrenta desafios após os confrontos provocados pela morte do jovem Nahel

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As revistas semanais francesas fazem um balanço político e social do país após os violentos confrontos entre jovens e forças de ordem decorrentes da morte do jovem Nahel, 17 anos, por um policial. Quais os principais desafios para o governo de Emmanuel Macron?

Protesto contra a morte do jovem Nahel por um policial em Nanterre, subúrbio a oeste de Paris.
Protesto contra a morte do jovem Nahel por um policial em Nanterre, subúrbio a oeste de Paris. © BERTRAND GUAY / AFP
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Para L’Obs, a relação do presidente Emmanuel Macron com os bairros populares “é uma sucessão de altos e baixos”. A revista lembra que quando ele era ainda ministro da Economia, Macron chegou a reunir centenas de jovens chamados “da diversidade” com responsáveis de recursos humanos. E foi em um centro de ensino em Seine-Saint-Denis, subúrbio carente ao norte de Paris, que ele anunciou que seria candidato à presidência. “Mas a lua de mel durou pouco”, constata L’Obs.

Desde os tumultos que incendiaram a França, Macron tem feito muitas consultas. Ele diz que a prioridade é restabelecer a ordem e analisar as razoes profundas dessa revolta. “O canteiro de obras é enorme e cheio de armadilhas para o presidente”, explica L’Obs. Um dos principais obstáculos é a reforma da polícia, com a qual ele tanto contou durante as manifestações dos coletes amarelos e na repressão ao vandalismo em paralelo aos protestos contra a reforma da previdência.

O cientista político Rachid Benzine aponta a L’Obs que as “humilhações sofridas pelos jovens sabota o trabalho de reconhecimento e incita a violência”.

Geografia do distanciamento progressivo

Já a revista Le Point traz uma cartografia da França com focos de tumultos desde 2005, quando a morte acidental de dois rapazes perseguidos pela polícia fez a França mergulhar em confrontos. As áreas que se revoltam são onde mora a população mais carente e discriminada. Não só nos subúrbios de Paris, mas também ao redor de cidades grandes como Lyon, Lille, Nice e Bordeaux.

Essa geografia, explica Le Point, mostra o progressivo distanciamento de grande parte da população modesta para áreas mais afastadas dos grandes centros, devido à alta do custo dos alojamentos e saturação do parque social.

A revista nota que os jovens que se revoltaram nas últimas semanas se identificaram com o jovem Nahel - a grande é maioria composta por filhos de imigrantes, moradores de bairros onde a tensão é constante com as forcas de ordem. Há muitos relatos de humilhações e revistas constantes, além de insultos por parte dos policiais. Tudo isso somado à dificuldade de se integrar na comunidade nacional e reforçada por essas experiências de discriminação.

“Essa violência urbana é um ruído permanente ao fundo, ao qual a sociedade acabou se habituando, sem tomar consciência da gravidade do problema”, constata Le Point.

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