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A Semana na Imprensa

"Radicalização" do novo Parlamento francês preocupa imprensa e europeus

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A grave crise política enfrentada pelo presidente Emmanuel Macron, depois de perder a maioria parlamentar nas eleições legislativas, é a principal manchete das revistas semanais francesas. Com as imagens de Marine Le Pen e Jean-Luc Mélenchon nas capas das publicações – os dois líderes de oposição que infligiram uma derrota inédita ao poder Executivo –, alguns editorialistas descrevem um país com "um Parlamento radicalizado e perigoso para a estabilidade da União Europeia". 

O presidente Emmanuel Macron foi surpreendido pela votação expressiva em candidatos de extrema esquerda e extrema direita nas eleições legislativas de junho.
O presidente Emmanuel Macron foi surpreendido pela votação expressiva em candidatos de extrema esquerda e extrema direita nas eleições legislativas de junho. AP - Gonzalo Fuentes
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A coligação de esquerda Nupes, que vai dos radicais aos verdes, elegeu 163 deputados em 19 de junho, enquanto a extrema direita obteve 89 das 577 cadeiras da Assembleia Nacional. Somados, os números de parlamentares da oposição são suficientes para obstruir as reformas do Executivo, que teve sua base reduzida a 245 assentos. Macron precisa encontrar 44 vozes no plenário para aprovar os projetos de lei do governo.

Com a manchete de capa "A tragédia francesa" e um editorial intitulado "Macron enfraquecido, a Europa em pânico", a revista Le Point recorda que os partidos de extrema esquerda A França Insubmissa e de extrema direita Reunião Nacional têm orientação anti-União Europeia e pró-Rússia. "O que será do apoio à Ucrânia, com esses deputados 'compreensivos' em relação a Vladimir Putin?", questiona a revista. 

Outro aspecto que preocupa a Le Point é a gestão econômica. "Caso Macron não consiga costurar alianças para aprovar reformas estruturais que permitam administrar a enorme dívida pública francesa (€ 2,9 trilhões, equivalentes a 114,5 % do PIB) e enfrentar uma provável recessão, a França poderá comprometer a médio prazo a estabilidade da zona do euro", afirma o texto.

Na avaliação da L'Express, "Macron e seus aliados estão na lona". Uma reportagem de bastidores da campanha no Palácio do Eliseu atribui ao secretário-geral Alexis Kohler, homem de confiança do presidente e espécie de ministro da Casa Civil, erros de estratégia no vazamento de informações. Ele teria feito declarações sobre a reforma das aposentadorias em momentos inadequados, que acabaram por favorecer a vitória dos dois partidos extremistas.

"Pior do que na Itália"

"A situação da França está pior do que na Itália, porque os franceses não estão acostumados a uma cultura de compromisso e não apreciam governos de coalizão", destaca a L'Express

Menos dramática, a L'Obs diz que o desafio de Macron "será buscar alianças, particularmente com a bancada de direita dos Republicanos, que elegeu 61 deputados, e também com a oposição, que não poderá se contentar com uma postura sistemática de obstrução". 

"Pela primeira vez em décadas, a França terá de encontrar um equilíbrio entre a legitimidade de um presidente eleito por sufrágio universal direto e a legitimidade legislativa do Parlamento. É uma guinada violenta, mas talvez salutar (...) para um presidente que nunca pensou que tivesse que descer do pedestal (...) e que deverá ouvir a mensagem que lhe foi enviada pelos eleitores", conclui a L'Obs

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