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A Semana na Imprensa

Nem Zelensky, nem Macron : Putin continua monopolizando as capas das revistas francesas

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Não adianta. Não sobrou espaço nem mesmo para o novo queridinho dos Parlamentos ocidentais, o presidente e performer ucraniano Volodimir Zelensky, quem dirá para Emmanuel Macron, o presidente-candidato francês disfarçado de chefe de guerra, um dos personagens favoritos do líder de Kiev. A grande estrela que desfila nas capas das revistas francesas desta semana é Vladimir Putin. Os holofotes dos jornalistas se acendem em direção ao "inimigo", numa curiosa tentativa de entendê-lo, ou decifrá-lo.

Putin e a multidão russa em um comício de apoio à guerra em um estádio em Moscou.
Putin e a multidão russa em um comício de apoio à guerra em um estádio em Moscou. © Ramil Sitdikov/AP
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"Decifra-me ou te devoro", lança a Esfinge à Édipo, em um momento crucial do mito grego. Na França, a charada que Vladimir Putin representa na geopolítica mundial é amplamente levada a sério pela imprensa francesa nesta inacreditável terceira semana de guerra em território ucraniano.

A revista semanal L’Express traz matéria de capa sobre “o lado secreto de Putin, uma investigação sobre um ditador solitário”. “O mundo chegou num momento de virada”, profetiza a publicação, e “ninguém sabe até onde Putin pode chegar enquanto as bombas caem sobre Kiev”, aponta a revista francesa. E ele não estaria sozinho nesse esforço de guerra, segundo fontes da Casa Branca. “Moscou teria pedido ajuda militar ao gigante chinês, e, se a China aceitar esse convite, a guerra muda de dimensão”, escreve L’Express.

Estupefação ocidental

Para a revista, “o Ocidente descobre com estupefação que Putin irá até o fim de seu projeto mortífero”. “Até a véspera do ataque, em 24 de fevereiro, as chancelarias europeias não acreditavam que a invasão da Ucrânia fosse possível”, lembra a revista, que critica: “No entanto, há 20 anos o chefe do Kremlin não para de usar a força, primeiro na Chechênia, depois na Geórgia e na Síria”. L’Express chega a escarafunchar até a infância do “ditador”, “uma infância sinistra, que encontramos sempre em criminosos ordinários como Stalin ou Milosevic”, diz o psiquiatra Pierre Lassus nas páginas do semanário francês.

Com a revista Le Point, a melodia é a mesma, estampada na capa: “A Rússia e o resto de nós, de Ivan o Terrível a Vladimir Putin, em cinco séculos de paixões e confrontos”. O título ambicioso se desenvolve em cinco páginas da revista, com direito a obras- primas da pintura universal e muito contexto para decifrar “os fundamentos da relação dos franceses com a Rússia ao longo do tempo". 

Cossacos 

Da "caricatura do cossaco que comia criancinhas até as intensas relações entre De Gaulle e Stalin", a revista Le Point faz um resgate histórico das relações entre as duas potências europeias. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o chefe da chamada "França livre", aquela que não sucumbiu à Vichy, o general Charles de Gaulle dirige-se à Moscou para concluir um "tratado de amizade" com a União Soviética, lembra Le Point, que disseca diversos outros momentos históricos como "o método Reagan para vencer Moscou" durante a Guerra Fria e a intervenção da Otan na ex-Iugoslávia, em 1999, pretexto utilizado por Putin para justificar sua guerra. A narrativa converge para figura de Vladimir Putin, o "czar da nova guerra fria".

Para a revista L'Obs, a manchete, estampada na capa, é a "Nova cortina de ferro". O semanário escreve que "os europeus são convocados a se armar frente aos novos desafios representados pela ofensiva de Putin". "A Europa não se lembrava de uma guerra deste tamanho desde a capitulação dos nazistas do III Reich em 1945", lembra a revista. O semanário mantém o tom bélico durante as quatro páginas da reportagem, sublinhando a falência da primeira parte do plano russo, numa guerra que já demora para acabar.

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