Congresso dos EUA aprova pacote de ajuda militar à Ucrânia, Israel e Taiwan

A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou neste sábado (20), com o apoio de republicanos e democratas, um pacote de ajuda militar de US$ 95 bilhões para seus aliados, entre os quais estão Israel, Taiwan e para a Ucrânia, que enfrenta a invasão russa desde 2022.  

Câmara de Representantes dos EUA aprova projeto de ajuda militar à Ucrânia AP - Matt Rourke

Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York

A Ucrânia deve receber a maior parte do montante que ultrapassa US$ 60 bilhões (mais de R$ 315 bilhões). Destes, US$ 26 bilhões irão para Israel e US$ 8 bilhões para a região do Indo-Pacífico. Além disso, a lei prevê o envio de ajuda humanitária para civis em zonas de conflito, incluindo a Faixa de Gaza.

O projeto é resultado de meses de negociações, da pressão dos aliados dos Estados Unidos e dos pedidos de ajuda feitos pelo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.

Em uma mensagem publicada nas redes sociais, ele agradeceu a votação e disse esperar que o Senado aprove o texto, o que deve ocorrer na terça-feira (23). Em seguida, deve ser promulgado pelo presidente americano Joe Biden.

I am grateful to the United States House of Representatives, both parties, and personally Speaker Mike Johnson for the decision that keeps history on the right track.

Democracy and freedom will always have global significance and will never fail as long as America helps to…

— Volodymyr Zelenskyy / Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) April 20, 2024

A Ucrânia precisará devolver 

O dinheiro destinado à Ucrânia, porém, enquadra-se em forma de empréstimo e habilitaria o presidente a pedir o reembolso por parte do governo ucraniano de US$ 10 bilhões em assistência econômica. Essa regra foi estipulada durante o governo do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, que pressionou para que qualquer ajuda à Ucrânia fosse feita na forma de um empréstimo. 

Mas a legislação também permitiria ao governo americano perdoar esses empréstimos a partir de 2026.

O chefe da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, elogiou no X a aprovação do pacote. "O fato que a Câmara dos Representantes tenha aprovado um novo e importante pacote de ajuda para a Ucrânia deve ser comemorado", escreveu.

I welcome that the U.S. House of Representatives has approved a major new package of aid to #Ukraine. Ukraine is using the weapons provided by #NATO Allies to destroy Russian combat capabilities. This makes us all safer, in Europe & North America.

— Jens Stoltenberg (@jensstoltenberg) April 20, 2024

"A Ucrânia usa as armas proporcionadas pelos aliados da Otan para destruir a capacidade de combate russa. Isso nos deixa mais seguros na Europa e na América do Norte", declarou.

O presidente Volodymyr Zelensky pediu na sexta-feira (19) à Otan que entregasse mais armas à Ucrânia. A aliança transatlântica atendeu parcialmente ao seu pedido, e decidiu enviar mais sistemas de defesa antiaérea à ex-república soviética.

O presidente da Ucrânia solicitou, entre outros, sete sistemas antiaéreos Patriot adicionais para conter a ofensiva russa, que avançou nas últimas semanas, após mais de dois anos de guerra. O secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg, anunciou um acordo para entregar a Kiev mais equipamentos de defesa antiaéreos, sem definir prazos. Os ministros das Relações Exteriores do G7 das principais potências ocidentais, reunidos na ilha italiana de Capri, nesta semana, também se comprometeram a "reforçar os meios de defesa aérea da Ucrânia".

Zelensky lamentou na última quarta-feira (17) que os países ocidentais não ofereçam à Ucrânia o mesmo nível de defesa antiaérea que ajudou a neutralizar um ataque iraniano de drones e mísseis contra Israel. A maior parte dos projéteis iranianos foi interceptada por aliados de Israel que integram a Otan, como os Estados Unidos e o Reino Unido.

"Na Ucrânia, infelizmente, não temos o mesmo nível de defesa que vimos no Oriente Médio há alguns dias. Os céus da Ucrânia e os céus dos nossos vizinhos merecem a mesma segurança", disse o presidente ucraniano em mensagem vídeo durante uma reunião de cúpula de líderes da UE em Bruxelas.

Decisão sobre o TikTok e sanções ao Irã

Em uma maratona de votação, a Câmara dos EUA aprovou também a polêmica medida que deve decidir a permanência da rede social TikTok no país. Os legisladores decidiram que a TikTok tem seis meses para encontrar um proprietário americano, já que a empresa não pode mais ser administrada por um proprietário chinês.

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Outra medida aprovada contempla sanções ao Irã, já que os Estados Unidos devem limitar a exportação de tecnologia americana ao país, utilizada hoje na construção de drones, como os que foram enviados para atacar Israel. 

Desde quando se espera a aprovação?

O pacote de ajuda à Ucrânia vem sendo discutido durante meses no Congresso, já que os Republicanos, contrários ao envio de mais dinheiro a Kiev, exigiam que o presidente Biden concordasse com medidas anti-imigração rigorosas, em troca da aprovação. 

Quando Biden finalmente concordou em modificar a lei de migração, os republicanos resolveram que combinar a ajuda com disposições mais rígidas de aplicação das fronteiras, já não era uma boa ideia. 

As disposições aprovadas no sábado devem passar pelo Senado na próxima terça-feira e chegar à mesa do presidente Biden para serem promulgadas ainda na próxima semana.

Ajuda para Israel

A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos também aprovou no sábado uma nova ajuda militar bilionária para Israel, que está em guerra com o Hamas, apesar da preocupação da comunidade internacional com os civis na Faixa de Gaza.

A verba será usada principalmente para reforçar o escudo antimísseis israelense, chamado Domo de Ferro. A aprovação "envia uma mensagem forte aos nossos inimigos", disse o chanceler israelense, Israel Katz, no X.

"A votação do pacote de ajuda a Israel com grande apoio bipartidário mostra os laços fortes e a parceria estratégica entre Israel e os Estados Unidos e envia uma mensagem forte aos nossos inimigos", acrescentando que espera uma aprovação rápida no Senado.

(RFI com AFP)