Remédios para reféns e civis devem chegar nesta quarta em Gaza após acordo entre Israel e Hamas
Com a mediação do Catar e da França,o Exército israelense fechou um acordo com o Hamas, nesta terça-feira (16), para enviar remédios para os reféns e ajuda aos civis no território palestino. Os medicamentos devem chegar nesta quarta-feira (17) à região.
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Segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores catari, Majed al Ansari, após semanas de negociação, a mediação permitiu alcançar um acordo "entre Israel e Hamas para entregar medicamentos (...) aos reféns israelenses em troca do envio de um carregamento de ajuda humanitária para os civis da Faixa de Gaza".
Os remédios e a ajuda devem ser levados nesta quarta-feira. Um avião das Forças Armadas cataris decolará de Doha e pousará no Egito, perto da fronteira com o enclave palestino. A ajuda será em seguida enviada à Faixa de Gaza, acrescentou Ansari, citado pela agência de notícias oficial do Catar (QNA).
A entrega, considerada "vital" pela presidência francesa, será suficiente por cerca de três meses. Ela será encaminhada pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha e pelo Hamas. O Ministério da Saúde palestino do Hamas pediu medicamentos para pacientes crônicos e afirma que 350 mil estão sem tratamento.
Segundo o Hamas, que divulgou um novo balanço nesta quarta, 24.448 mortes na Faixa de Gaza desde o início da guerra em 7 de outubro. Desde então, cerca de 61.504 pessoas ficaram feridas. Três quartos dos mortos são mulheres, adolescentes e crianças, disse o ministério.
Ataques e retirada de tropas
Explosões e disparos foram ouvidos no sul do território palestino na manhã desta terça-feira. Durante a noite, o Exército israelense anunciou que bombardeou Khan Yunis, onde as operações se concentraram nas últimas semanas, e instalações de lançamento de foguetes em Beit Lahia, no norte. Segundo as forças israelenses, "dezenas de terroristas" morreram.
Vários foguetes lançados de Gaza também atingiram o sul de Israel sem causar feridos, segundo as autoridades israelenses. A maioria deles foi interceptada pelo sistema de defesa "Domo de Ferro" sobre a cidade de Ofakim, segundo imagens da AFPTV.
A guerra começou após um ataque do Hamas em 7 de outubro no sul de Israel, que deixou cerca de 1.140 mortos do lado israelense, a maioria deles civis.
Cerca de 250 pessoas foram feitas reféns e 132 permanecem em Gaza. Pelo menos 25 morreram, de acordo com as autoridades de Israel, e cerca de cem foram libertadas durante uma trégua em novembro.
De acordo com o Exército israelense, 190 pessoas morreram desde o início da operação terrestre em Gaza, em 27 de outubro.
Na segunda-feira (15), o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, garantiu que a fase intensiva da guerra no sul da Faixa "terminará em breve" e o Exército anunciou a retirada de uma das suas quatro divisões.
O governo israelense garante que a guerra será longa e aprovou, na segunda-feira, um aumento do orçamento para 2024 de US$ 15 bilhões (R$ 73,1 bilhões na cotação atual) para continuar as operações.
O Hamas, considerado uma organização terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia, anunciou na segunda-feira a morte de dois reféns israelenses, e divulgou um vídeo em que também aparece uma jovem capturada.
O braço armado do grupo radical palestino atribuiu essas mortes aos bombardeios "sionistas" e o Exército israelense rejeitou essas acusações, chamando-as de "mentiras".
Tensão no Oriente Médio
A guerra agrava as tensões no Oriente Médio entre Israel e os seus aliados, liderados pelos Estados Unidos, contra o chamado "eixo de resistência", liderado pelo Irã, que reúne movimentos armados como o Hamas, o Hezbollah no Líbano e os rebeldes houthis no Iêmen.
Nesta terça-feira, a Guarda Revolucionária iraniana, o Exército ideológico do Irã, anunciou ter disparado mísseis balísticos contra a Síria e também perto de Erbil, no Curdistão iraquiano. O objetivo era, segundo a agência oficial iraniana Irna, destruir um suposto centro de espionagem israelense, cuja existência foi negada por um alto responsável iraquiano.
O governo do Iraque, aliado do Irã mas também parceiro dos Estados Unidos, condenou uma "agressão" à sua soberania e convocou o seu embaixador em Teerã para consultas.
Outra área de tensão é o Mar Vermelho, onde um navio graneleiro grego foi atingido por um míssil, anunciou nesta terça-feira a Ambrey, empresa privada especializada em riscos marítimos.
Os rebeldes houthis, que controlam grandes territórios no Iêmen, multiplicaram os ataques no Mar Vermelho nas últimas semanas contra navios que consideram ligados a Israel.
Na fronteira entre Israel e o Líbano, onde ocorrem confrontos diários, o Exército israelense anunciou durante a noite que lançou novos bombardeios contra posições do Hezbollah.
Com informações da AFP
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