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Agência civil de aviação francesa vai participar de investigação sobre colisão de aviões no Japão

Após o forte terremoto que atingiu o Japão nesta segunda-feira (1), as equipes de resgate ainda tentam encontrar sobreviventes nesta quarta-feira (3). A catástrofe deixou pelo menos 64 mortos, de acordo com um novo balanço provisório. Outra tragédia que marca esta primeira semana de 2024 no país, foi o raro acidente no aeroporto de Tóquio, na terça-feira (2), com a colisão de duas aeronaves no solo. A BEA, a agência civil de aviação francesa, vai participar das investigações sobre a causa do acidente que deixou cinco mortos.

Japão, aeroporto de Tóquio-Haneda, em 2 de janeiro de 2024: as imagens espetaculares do Airbus da Japan Airline em chamas após uma colisão ofuscaram um pouco o número de vítimas dos terremotos que atingiram o Japão em 1º de janeiro.
Japão, aeroporto de Tóquio-Haneda, em 2 de janeiro de 2024: as imagens espetaculares do Airbus da Japan Airline em chamas após uma colisão ofuscaram um pouco o número de vítimas dos terremotos que atingiram o Japão em 1º de janeiro. REUTERS - ISSEI KATO
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A forte chuva que começou a cair na manhã desta quarta-feira nas regiões atingidas pelo terremoto dificulta as operações de resgate. As equipes japonesas têm dificuldades de chegar aos locais devastados pois muitas estradas foram seriamente danificadas ou bloqueadas pela queda de árvores. Avisos alertam sobre possíveis deslizamentos de terra. A Agência Meteorológica do Japão (JMA) pediu que as pessoas sejam ainda mais cautelosas devido ao temporal que começou nesta quarta-feira na península de Noto, localizada na zona costeira da província de Ishikawa.

A região foi o epicentro do terremoto principal que ocorreu no dia primeiro de janeiro às 16h10 (04h10 horário de Brasília), com uma magnitude de 7,5, segundo o Instituto Geofísico dos EUA (USGS), e 7,6, de acordo com a JMA.

Milhares de edifícios na península de Noto foram total ou parcialmente destruídos pelo desastre. Muitos prédios ainda correm o risco de desmoronar com réplicas do tremor, tornando as operações de resgate uma tarefa ainda mais delicada. A cada alerta, os socorristas precisam suspender as buscas com urgência. 

O número de mortos pode aumentar. As operações de resgate devem durar vários dias em áreas rurais e vilarejos de difícil acesso. 

Bombeiros inspecionam casas de madeira desmoronadas em Wajima, na província de Ishikawa, em 2 de janeiro de 2024, um dia depois que um forte terremoto de magnitude 7,5 atingiu a região de Noto, na província de Ishikawa.
Bombeiros inspecionam casas de madeira desmoronadas em Wajima, na província de Ishikawa, em 2 de janeiro de 2024, um dia depois que um forte terremoto de magnitude 7,5 atingiu a região de Noto, na província de Ishikawa. AFP - KAZUHIRO NOGI

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Situação "catastrófica" 

Masuhiro Izumiya, o prefeito de Suzu, disse que "praticamente nenhuma casa" ainda estava de pé em uma área da pequena cidade na ponta da península de Noto. "A situação é catastrófica", de acordo com a televisão TBS.

Conforme as autoridades, mais de 31.800 pessoas se refugiaram em centros de acomodação instalados em vários vilarejos, e quase 34 mil casas ainda estão sem eletricidade na província de Ishikawa. Mais de 115 mil casas da região e em dois outros distritos também estão sem água encanada, informou o governo japonês na quarta-feira. 

"Com um terremoto de magnitude 7,5, é preciso esperar tremores secundários por vários meses", disse à AFP o geólogo Robin Lacassin, diretor de pesquisa do CNRS, na terça-feira (2). 

Medidas recomendadas e prioridades

A província de Ishikawa pediu aos japoneses que parassem de ligar para seus familiares que foram vítimas do terremoto, a fim de preservar as baterias dos telefones para ligações essenciais. 

Os trens de alta velocidade do Japão voltaram a circular na região central do país na terça-feira, depois que cerca de 2.400 passageiros passaram horas - alguns 24 horas - presos nos vagões ou nas estações. 

O primeiro-ministro Fumio Kishida disse na quarta-feira, após uma nova reunião, que esta é uma corrida contra o tempo e que o governo continua a fazer o máximo para salvar vidas. "Essa é a nossa prioridade", disse ele. 

Localizado no Anel de Fogo do Pacífico, o Japão é um dos países mais propensos a terremotos do mundo.

 

Um avião da Japan Airlines está pegou fogo na pista do aeroporto de Haneda na terça-feira, 2 de janeiro de 2024, em Tóquio, Japão.
Um avião da Japan Airlines está pegou fogo na pista do aeroporto de Haneda na terça-feira, 2 de janeiro de 2024, em Tóquio, Japão. AP

 

 

Investigação imediata sobre colisão no aeroporto de Tóquio-Haneda 

Na quarta-feira, os investigadores tentam entender a colisão em solo entre duas aeronaves no aeroporto de Tóquio-Haneda no dia anterior, que deixou cinco pessoas mortas. A Japan Airlines (JAL) alegou que sua aeronave, destruída pelas chamas no acidente, estava autorizada a pousar.

Todos os 379 passageiros e tripulantes do voo JAL516 sobreviveram depois que o avião colidiu no pouso com uma aeronave menor da Guarda Costeira do Japão, que se preparava para decolar. 

O impacto causou uma grande explosão e o avião da JAL pegou fogo ao aterrissar. O Airbus foi completamente tomado pelas chamas logo depois que todos os passageiros e tripulantes conseguiram escapar usando escorregadeiras de emergência infláveis. Quatorze pessoas ficaram levemente feridas, de acordo com o corpo de bombeiros. 

"As companhias aéreas devem ser capazes de retirar todos os passageiros e tripulantes de uma aeronave em 90 segundos", disse à AFP Doug Drury, especialista em aviação da Universidade de Central Queensland, na Austrália. 

Essa regra, estabelecida pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), obriga os fabricantes de aviões a projetar suas aeronaves de forma a poder cumprir esse prazo e as tripulações são treinadas regularmente para esse fim, acrescentou esse especialista.

Era um procedimento "complicado", mas foi realizado de maneira "impecável", elogiou Drury. "Um fator importante é que ninguém tentou levar sua bagagem de mão! Já ocorreram vários acidentes fatais no passado porque alguém pegou sua bagagem de mão", atrasando assim a evacuação de todos, lembrou ele. 

No outro avião envolvido no acidente, cinco de seus seis ocupantes morreram na colisão.

Torre: "continue sua aproximação"

O JAL516, que estava chegando de Sapporo (norte do Japão), teria recebido permissão para aterrissar, segundo um funcionário da Japan Airlines: "Pelo que sabemos, a permissão foi dada", contou em uma coletiva de imprensa na noite de terça-feira.

As mensagens de rádio com a torre de controle de Tóquio-Haneda, que a AFP consultou no site LiveATC.net, parecem corroborar essa versão. 

"Japan 516, continue sua aproximação", pode ser ouvido de um controlador de tráfego aéreo às 17h43, horário local (05h43 hora de Brasília), ou seja, quatro minutos antes da colisão. 

Por outro lado, um controlador de tráfego aéreo teria pedido ao avião da Guarda Costeira que esperasse fora da pista, de acordo com o canal de televisão NHK, citando uma fonte do Ministério dos Transportes do Japão. 

Entretanto, de acordo com um funcionário da Guarda Costeira também mencionado pela NHK, o piloto sobrevivente da aeronave disse logo após o acidente que havia obtido permissão para decolar. 

A Japan Airlines, a Guarda Costeira e o Ministério dos Transportes do Japão se recusam a fazer qualquer comentário oficial, citando a investigação em andamento.

Uma equipe de especialistas do Escritório de Investigação e Análise (BEA) francês para a aviação civil deve chegar ao Japão na quarta-feira, já que a aeronave da JAL era um Airbus A350-900, produzido em Toulouse. 

A Airbus também anunciou que está enviando uma equipe de "assistência técnica" para ajudar o JTSB (Japanese Transport Safety Bureau) em sua investigação. 

Acidentes envolvendo aviões de passageiros são extremamente raros no Japão. O mais grave deles ocorreu em 1985, quando um avião da Japan Airlines caiu entre Tóquio e Osaka, matando 520 pessoas - um dos desastres aéreos mais mortais do mundo.

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