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Em visita a Israel, chanceler francesa defende trégua em Gaza e redução de tensões na região

A ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna, iniciou neste domingo (17) um giro pelo Oriente Médio. Em sua quarta visita a Israel desde o início do conflito com o Hamas, a chefe da diplomacia francesa cobra explicações das autoridades israelenses sobre a morte de um colaborador de seu ministério em Rafah, defende uma "trégua imediata" de combates na Faixa de Gaza e busca evitar uma escalada em toda a região.

A ministra francesa das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna, é recepcionada pelo coronel Olivier Rafowitcz, na base militar de Shura, em Israel.
A ministra francesa das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna, é recepcionada pelo coronel Olivier Rafowitcz, na base militar de Shura, em Israel. AFP - ALBERTO PIZZOLI
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Ao desembarcar em Tel Aviv, Catherine Colonna criticou o elevado número de mortes entre civis palestinos e defendeu uma “nova trégua imediata e duradoura” na Faixa de Gaza. “Uma trégua é necessária para que haja avanços na direção de um cessar-fogo, para permitir a libertação dos reféns, a entrega de ajuda humanitária adicional à sofrida população civil de Gaza e o início de uma solução política" para o conflito, declarou o chefe da diplomacia à imprensa.

Depois de se reunir com o ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, Colonna reafirmou a "urgência de uma trégua humanitária em Gaza, assim como a importância de evitar uma escalada no Líbano", escreveu a francesa na rede social X, antigo Twitter. No entanto, Cohen discorda de Paris. Segundo o chefe da diplomacia israelense, um cessar-fogo neste momento seria “um erro”, "um presente para o Hamas". 

Além de encontros com autoridades de Israel, a chanceler francesa irá se reunir com familiares de reféns franceses desaparecidos desde o ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro. Colonna também irá dialogar com o chefe da diplomacia palestina, Riyad Malki, "para reiterar o apoio da França à Autoridade Palestina e à população palestina em Gaza e na Cisjordânia", assim como sua mobilização para responder à urgência humanitária de forma duradoura na Faixa de Gaza", afirma uma nota do Quai d’Orsay, como é popularmente conhecido o Itamaraty francês. A chefe da diplomacia francesa pretende ainda se encontrar com palestinos e árabes que enfrentam “ataques de colonos judeus extremistas, que entravam as perspectivas de paz".

Colaborador da diplomacia francesa é morto em bombardeio

Em Israel, Colonna quer ouvir explicações sobre as circunstâncias de um bombardeio israelense ocorrido na quarta-feira (13), em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, que feriu gravemente um colaborador do Ministério das Relações Exteriores francês. O homem, cuja identidade não foi revelada, não resistiu aos ferimentos e morreu no sábado.

O agente trabalhava para a França desde 2002 e tinha se refugiado na casa de um dos colegas do consulado francês, junto com vários membros de sua família. Dez pessoas morreram no ataque. Em uma nota oficial, Paris exige que “toda a luz seja lançada” sobre esta tragédia “o mais rápido possível”.

Mar Vermelho

Logo na chegada em Tel Aviv, a ministra expôs o posicionamento de Paris para reduzir as tensões no Oriente Médio. Colonna disse que os recentes ataques de rebeldes huthis iemenitas contra navios comerciais e militares no Mar Vermelho, em sinal de protesto à ofensiva de Israel e apoio aos palestinos, “não podem ficar sem resposta”.

Os rebeldes huthis contam com o apoio do Irã, inimigo declarado do Estado israelense e próximo do Hamas. “Estamos estudando várias opções 'defensivas' com os nossos parceiros, para evitar que isso volte a acontecer”, disse a ministra.

Várias companhias marítimas anunciaram na sexta e no sábado que estavam suspendendo a passagem dos seus navios pelo Mar Vermelho, uma importante rota comercial que liga a Europa à Ásia, devido ao risco de ataques.

A dinamarquesa Maersk, a alemã Hapag-Lloyd, a francesa CMA CGM e a ítalo-suíça MSC anunciaram que os seus navios deixarão de utilizar o Mar Vermelho “até novo aviso”, pelo menos até segunda-feira ou até que a passagem “esteja segura”. Cerca de 20 mil navios passam anualmente pelo Canal de Suez, ponto de entrada e saída dos navios que transitam pelo Mar Vermelho.

Líbano

Paris tembém alertou para o risco de escalada no Líbano, num contexto em que militares israelenses e combatentes do Hezbollah, próximo do Hamas, trocam agressões diariamente.

Segundo Colonna, “se houvesse uma espiral, uma conflagração, acredito que ninguém se beneficiaria com isso e digo isso também a Israel”, enfatizou a chanceler francesa na presença de um alto funcionário do Exército israelense. Ela disse que a França tem enviado as mensagens necessárias” às autoridades libanesas e ao movimento xiita libanês Hezbollah, mas “este apelo à cautela e à desescalada aplica-se a todos”, insistiu ela.

Negociações

O Catar confirmou no sábado que mantém seus “esforços diplomáticos para renovar a pausa humanitária” em Gaza. O site de notícias Axios informou que o chefe da inteligência israelense, David Barnea, se reuniu na sexta-feira com o primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman Al-Thani, que ajudou a mediar a trégua anterior.

O Hamas, porém, declarou-se “contra qualquer negociação sobre a troca de prisioneiros até que a agressão contra o nosso povo cesse completamente”, numa mensagem no Telegram.

Para Thomas Vescovi, especialista em política interior de Israel e membro do conselho editorial do blog yanni.fr, uma publicação independente que analisa as sociedades israelense e palestina, o Hamas encontra-se em posição de força ainda maior contra Israel depois do grave erro do Exército, que causou a morte de três reféns na sexta-feira. "A estratégia do gabinete de guerra de Israel de trazer os reféns vivos para casa é um fracasso", diz o pesquisador.  

Medo de contágio

O secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, também deverá viajar a Israel, Bahrein e Catar a partir deste fim de semana para sublinhar “o compromisso de Washington em fortalecer a segurança e a estabilidade regional”. Nos últimos dias, a administração dos EUA pressionou as autoridades israelenses a passarem para uma fase menos intensiva da sua operação em Gaza, a fim de aumentar a proteção dos civis.

Os chefes da diplomacia do Reino Unido, David Cameron, e da Alemanha, Annalena Baerbock, apelaram por seu lado a “um cessar-fogo duradouro” na Faixa de Gaza, o mais rapidamente possível, num artigo conjunto publicado no jornal britânico Sunday Times. No entanto, Londres e Berlim são contrários a um “cessar-fogo generalizado e imediato”, por acreditar que o Hamas “deve depor as armas”.

Com informações da AFP

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