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Embaixada americana em Bagdá é atacada por grupos armados pró-Irã

A embaixada americana em Bagdá foi alvo de disparos de foguetes na madrugada de sexta-feira (8). O ataque não causou danos ou deixou feridos, mas ilustra o risco de escalada em um cenário de guerra entre Israel e o Hamas palestino.

A embaixada ameriana em Bagdá vista do outro lado do rio Tigris, no Iraque, em 3 de janeiro de 2020.
A embaixada ameriana em Bagdá vista do outro lado do rio Tigris, no Iraque, em 3 de janeiro de 2020. AP - Khalid Mohammed
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Não houve reivindicação imediata de responsabilidade pelo ataque. Esta é a primeira vez que a embaixada americana na capital do Iraque é alvo de bombardeios desde que grupos armados pró-Irã iniciaram ataques semelhantes em meados de outubro contra soldados americanos ou forças da coligação antijihadista internacional no Iraque, ou na vizinha Síria.

Na sexta-feira, um porta-voz da embaixada americana pediu ao governo iraquiano  "fazer tudo o que estiver ao seu alcance para proteger" o pessoal diplomático e a coligação internacional antijihadista, dizendo que o ataque trazia as marcas de "milícias alinhadas com o Irã, que operam livremente no Iraque”.

Por volta das 04h15 horas de sexta-feira (23h15 de quinta-feira em Brasília), “a embaixada americana foi atacada por foguetes”, confirmou num comunicado enviado à AFP, especificando que não foram registadas vítimas.

“Nos reservamos o direito de autodefesa e proteção do nosso pessoal em qualquer parte do mundo”, lembrou o porta-voz.

As facções pró-Irã justificam seus ataques pelo apoio de Washington a Israel em sua guerra na Faixa de Gaza. Em retaliação, o Pentágono já realizou vários ataques contra combatentes no Iraque, mas também na Síria, contra locais ligados ao Irã.

Na sexta-feira, o primeiro-ministro iraquiano, Mohamed Chia al-Soudani, fez um apelo à polícia para “perseguir os autores” dos ataques contra a embaixada americana e “levá-los à Justiça”.

“Os autores destes ataques prejudicam o Iraque, a sua estabilidade e a sua segurança”, insistiu, repudiando “grupos fora da lei”.

“Proteger missões diplomáticas”

“As nossas forças de segurança e agências governamentais (...) continuarão a proteger as missões diplomáticas”, prometeu o chefe do governo do Iraque.

Levado ao poder por uma maioria parlamentar pró-Irã, o governo al-Soudani tem enfrentado, desde o início dos ataques, dificuldades para preservar os laços estratégicos que unem seu país a Washington.

"O governo iraquiano está determinado a preservar a estabilidade e a segurança do Estado. Nenhuma tentativa de desestabilizar o país será tolerada", disse à AFP Farhad Alaaldin, conselheiro de Relações Exteriores do primeiro-ministro.

Na sexta-feira, um oficial militar americano confirmou o disparo de “vários foguetes” contra as forças americanas e da coligação internacional perto da embaixada dos EUA e da base Union III, localizada na "zona verde", uma região de segurança de Bagdá.

“Nenhuma vítima ou dano à infraestrutura foi relatado”, disse ele sob condição de anonimato.

As dezenas de ataques perpetrados ao longo de várias semanas por grupos armados pró-Irã ilustram as repercussões regionais da guerra que opõe Israel ao movimento islâmico palestino Hamas na Faixa de Gaza há dois meses.

Ataques americanos 

A missão da ONU no Iraque condenou o ataque à representação americana. “O Iraque não pode permitir-se ser arrastado para um conflito mais amplo, o que ameaçaria a estabilidade duramente conquistada”, de acordo com uma declaração publicada no X (antigo Twitter).

No total, Washington registou pelo menos 78 ataques perpetrados desde 17 de outubro contra as suas tropas no Iraque e na Síria, dez dias após o início da guerra entre Israel e o Hamas.

A maioria dos ataques foi reivindicada pela “Resistência Islâmica no Iraque”, formada por grupos afiliados ao Hachd al-Chaabi, uma coligação de antigos paramilitares integrados nas forças regulares.

Em retaliação, Washington bombardeou três vezes alvos de combatentes inscritos nestes grupos no Iraque, um deles em 3 de dezembro na província de Kirkuk (norte).

A coligação antijihadista realizou então um ataque de “autodefesa” contra “cinco combatentes que se preparavam para lançar um drone de ataque”, segundo um comunicado de imprensa do comando militar americano no Oriente Médio, Centcom.

Os cinco combatentes foram mortos e o grupo Al-Noujaba, uma facção do Hashd al-Shaabi, publicou seus retratos e organizou funerais na segunda-feira em Bagdá.

Um dia antes do ataque a Kirkuk, durante uma ligação com o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, o primeiro-ministro iraquiano insistiu na “recusa do Iraque de qualquer ataque visando o território” de seu país.

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