Em Tóquio, chanceler iraniano garante que Teerã não vende armas usadas na Ucrânia
O ministro das Relações Exteriores do Irã se reuniu, nesta segunda-feira (7), em Tóquio, com o seu homólogo japonês, no momento em que a República Islâmica procura reduzir o seu isolamento no cenário internacional. Paralelamente, Japão desenvolve plano para despejar águas da central de Fukushima no mar.
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Embora fiel aliado dos Estados Unidos e integrante do G7, do qual inclusive é o país anfitrião este ano, o Japão tradicionalmente mantém relações cordiais com o Irã, apesar das sanções econômicas internacionais que atingiram Teerã devido a seu programa nuclear.
Essas sanções também aumentaram desde 2022, após a repressão sangrenta de manifestações massivas no Irã e a reaproximação da República Islâmica com Moscou desde o início da guerra na Ucrânia. Os Estados Unidos acusam Teerã de fornecer armas à Rússia, incluindo drones Shahed.
"Não escolhemos um lado em nenhuma guerra", disse Hossein Amir-Abdollahian a repórteres antes de sua reunião com Yoshimasa Hayashi, negando que Teerã tenha fornecido armas a Moscou, informou a agência de notícias Jiji.
O Irã "nunca forneceu drones a nenhum país para uso na Ucrânia", acrescentou a mesma fonte.
Uma reportagem da CNN de fevereiro denuncia que a Rússia modificou os drones Shahed para que tivessem maior impacto nas explosões.
De acordo com o governo ucraniano, citado pelo Washington Post em outubro de 2022, os russos encomendaram 2.400 drones iranianos, rebatizados de Geran por Moscou.
Amir-Abdollahian deveria se encontrar ainda com o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida, de acordo com o canal de televisão japonês TBS.
O Ministério das Relações Exteriores do Japão disse em comunicado que Hayashi "pediu ao Irã que tome uma ação construtiva, reiterando a posição do Japão sobre a invasão russa da Ucrânia".
Reuniões presenciais desse nível entre Teerã e Tóquio não eram organizadas no Japão desde 2019.
Durante conversa telefônica anterior com o chanceler iraniano em abril, Hayashi expressou novamente o desejo do Japão de retomar o acordo nuclear iraniano, concluído em 2015, mas inoperante desde a retirada dos Estados Unidos do programa, em 2018.
Teerã está mantendo negociações indiretas com os Estados Unidos com vistas a reativar o acordo, mas sem sucesso até agora.
A diplomacia japonesa disse em comunicado que Tóquio tem "sérias preocupações sobre as atividades nucleares do Irã" e pediu ao Irã que tome "medidas construtivas, incluindo cooperação total e incondicional" com a AIEA.
Águas de Fukushima no mar
O Japão está prestes a lançar as águas radioativas da usina nuclear danificada em Fukushima no oceano já no final do mês, informou nesta segunda-feira o jornal japonês Asahi Shimbun, citando fontes governamentais não identificadas.
Nenhuma data específica foi comunicada, disse o porta-voz do governo Hirokazu Matsuno durante uma coletiva de imprensa.
O órgão regulador nuclear japonês autorizou no mês a operadora Tepco (Tokyo Electric Power) a jogar no oceano os milhões de metros cúbicos de água contaminada do desastre nuclear em Fukushima.
Autoridades querem começar a operação antes da temporada de pesca, que começa em setembro, explica o diário.
(com agências)
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