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Israel: Netanyahu passa por cirurgia na véspera de votação polêmica no Parlamento

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, passou por uma cirurgia para a colocação de um marcapasso na noite de sábado (22), informou o seu gabinete em um comunicado de imprensa neste domingo (23). A internação acontece pouco antes da votação no Parlamento de um polêmico projeto de lei de reforma do Judiciário que tem provocado grandes protestos no país.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu passou por cirurgia para colocação de marca-passo.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu passou por cirurgia para colocação de marca-passo. REUTERS - AMIR COHEN
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O procedimento foi realizado sob sedação. O ministro da Justiça e primeiro-ministro interino, Yariv Levin, o substituiu no cargo durante a internação. 

O Hospital Sheba, onde Netanyahu foi operado, disse que a condição de saúde do primeiro-ministro é "boa". "Ele permanecerá sob supervisão médica no departamento de cardiologia", informou a instituição neste domingo.

Alguns dias antes, o premiê, de 73 anos, havia recebido alta do mesmo estabelecimento, após ter passado uma noite em observação devido a tonturas. Na ocasião, foram feitos exames cardiológicos e os médicos decidiram utilizar um monitor Holter (dispositivo portátil que monitora continuamente a atividade elétrica cardíaca de pacientes por 24 horas ou mais) para examinar o ritmo cardíaco do primeiro-ministro, conforme explicou na semana passada o chefe de cardiologia do Centro Sheba, professor Amit Segev.

O gabinete do primeiro-ministro anunciou que as visitas oficiais agendadas para esta semana ao Chipre e à Turquia foram "adiadas".

Netanyahu prometeu comparecer ao Parlamento

Porém, Netanyahu prometeu estar presente no Knesset (Parlamento israelense) para a votação do projeto sobre a reforma no Judiciário, nesta segunda-feira (24). “Os médicos me disseram que terei alta e que posso ir ao Knesset para votar”, declarou, antes da operação.

O debate no Parlamento deve durar várias horas. Mais de 20 deputados devem se pronunciar contra o projeto, segundo uma lista fornecida pelo Parlamento. A votação final na segunda-feira será sobre a cláusula de "razoabilidade", instrumento da Suprema Corte para bloquear decisões impróprias tomadas pelo governo. 

Desde que foi apresentada, em janeiro, a reforma judicial proposta pelo governo de extrema-direita dividiu a nação. Os oponentes veem este projeto como uma ameaça à democracia israelense. Neste domingo, milhares de pessoas voltaram a protestar em Jerusalém para pedir mais diálogo entre o governo e a oposição.

“Queremos continuar a viver em um Estado judeu e democrático”, defendeu o líder da oposição Yair Lapid. “Não vamos desistir do futuro dos nossos filhos”, acrescentou.

No sábado, dezenas de milhares de manifestantes saíram às ruas em Tel Aviv e perto do Parlamento, em Jerusalém, para enfatizar o seu descontentamento.

Segundo o governo, a reforma visa reequilibrar os poderes, ao reduzir as prerrogativas do Supremo Tribunal Federal, que o Executivo considera politizadas. Seus detratores acreditam, no entanto, que as mudanças podem abrir caminho para uma deriva antiliberal ou autoritária.

Centenas de tendas foram montadas, na noite de sábado, em frente ao Knesset e os manifestantes prometem permanecer no local para protestar contra o texto. "Temos que continuar a pressão, temos que salvar nossa democracia", disse à AFP Amir Goldstein, que passou a noite acampado.

Manifestantes em Jerusalém no sábado 22 de julho de 2023.
Manifestantes em Jerusalém no sábado 22 de julho de 2023. AFP - MENAHEM KAHANA

Aprovada em primeira leitura na noite de 10 para 11 de julho, a cláusula de "razoabilidade" obrigou Netanyahu a demitir, em janeiro, o número dois do governo, Arie Dery, condenado por sonegação de impostos, após intervenção do Supremo Tribunal Federal.

Outras medidas provocam a insatisfação dos manifestantes, como a que modifica o processo de nomeação de juízes, já adotada pelos deputados em primeira votação. "Não temos uma Constituição e, embora a Suprema Corte seja a única a proteger os nossos direitos, este governo está tentando destruí-la", disse à AFP a manifestante Shanna Orlik.

Críticos do primeiro-ministro, que está sendo julgado por corrupção, acusam Netanyahu de querer usar esta reforma para mitigar um possível julgamento contra ele.

No sábado, pelo menos 1.100 reservistas da Força Aérea de Israel ameaçaram suspender seu trabalho voluntário, caso o Knesset aprove o projeto de lei. Novas manifestações estão programadas em Tel Aviv e Jerusalém na noite de domingo, a favor e contra a reforma.

Na quinta-feira, Netanyahu afirmou que estava "aberto" para negociações com a oposição. O projeto também desperta críticas no exterior, em particular nos Estados Unidos, um país aliado de Israel. O presidente israelense, Isaac Herzog, que visitou recentemente Washington, pede que todos retomem as negociações em torno dessa reforma, que provoca uma crise no país.

(Com informações da AFP)

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