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Ramadã na Cisjordânia começa sob tensões entre israelenses e palestinos

Na véspera do início do Ramadã, que começa na quinta-feira (23), a RFI foi até Huwara, um vilarejo da Cisjordânia ocupada, palco de violência nas últimas semanas. Como sempre, durante este mês sagrado para os muçulmanos, a situação é tensa entre israelenses e palestinos, com ataques de palestinos contra colonos judeus, e retaliação de Israel, que pune civis inocentes. 

Militares israelenses patrulham em Huwara, na Cisjordanie ocupada, em 19 março de 2023.
Militares israelenses patrulham em Huwara, na Cisjordanie ocupada, em 19 março de 2023. REUTERS - MOHAMAD TOROKMAN
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Sami Boukhelifa, enviado especial da RFI à Cisjordânia

No meio da manhã, Latifa faz suas compras. A mãe de família já tem o cardápio para o primeiro dia do Ramadã. “Peguei tomate e abobrinha e também vou comprar carne para fazer legumes recheados. Mas honestamente, com todas essas tensões, não temos apetite para nada", diz. 

O clima é pesado na região, relata à RFI. "O exército israelense está estacionado na entrada da minha casa. Como você quer que meus filhos vivam normalmente?", questiona. 

A rua principal de Huwara, no centro das tensões entre israelenses e palestinos que causaram uma centena de mortes desde o início do ano, é patrulhada por soldados israelenses. Atrás de blocos de concreto, suas armas apontam para os transeuntes.

Parado na entrada de seu açougue, Nidhal espera impacientemente por seus clientes. “Quatro dias atrás, matei animais me preparando para o Ramadã. Mas as peças de carne ainda estão penduradas, não vendi nada", diz ele. 

"Devido aos acontecimentos recentes, a situação está tensa. Assim que um cliente estaciona em frente ao meu açougue, os militares pedem que ele saia por questões de segurança", conta o comerciante. "Ontem tive que fechar por questões de segurança. Algum tempo atrás, eles nos forçaram a fechar por uma semana inteira. Vou acabar tendo que fechar definitivamente", lamenta. 

Escalada

Lockdowns forçados são impostos pelo exército israelense para manter palestinos e colonos judeus à distância. “São os colonos que estão ocupando nossas terras ilegalmente, e nós é que estamos sendo punidos”, lamentam os moradores de Huwara.

No domingo, enquanto o Egito sediava negociações na tentativa de aliviar as tensões, um israelense foi baleado e gravemente ferido nesta cidade no norte da Cisjordânia ocupada. E as discussões deram origem a uma declaração expressando o compromisso de Israel e da Autoridade Palestina com a "redução da escalada".

Durante a primeira rodada de negociações, em 26 de fevereiro, em Aqaba, na Jordânia, dois colonos israelenses foram mortos a tiros em um ataque a seu carro por um atirador palestino, membro do braço armado do movimento islâmico Hamas. Em retaliação, os colonos atacaram, queimando dezenas de prédios e carros. Um palestino foi morto a tiros e cerca de cem foram feridos. 

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