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Assassinatos de jornalistas aumentaram 50% em 2022, aponta levantamento da Unesco

Os assassinatos de jornalistas registraram um aumento de 50% em 2022, com 86 mortos no ano passado, ou cerca de "um a cada quatro dias", de acordo com um levantamento da Unesco. A agência da ONU com sede em Paris lamentou, nesta segunda-feira (16), uma "inversão da tendência positiva" dos últimos anos, já que os homicídios haviam caído para uma média de 58 casos entre 2019 e 2021, em comparação com 2018, com 99 vítimas. O Brasil teve três jornalistas assassinados em 2022 na contagem da Unesco.

Drone flagrou pichação de jornalistas pedindo socorro para a profissão. A imagem foi divulgada pela associação civil de jornalistas "Derecho a Informar", no México.
Drone flagrou pichação de jornalistas pedindo socorro para a profissão. A imagem foi divulgada pela associação civil de jornalistas "Derecho a Informar", no México. AFP - HO
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"O forte aumento do número de jornalistas mortos em 2022 é alarmante", lamentou a diretora-geral da Unesco, a francesa Audrey Azoulay. As autoridades devem redobrar seus esforços para deter esses crimes e garantir que seus autores sejam punidos, porque a indiferença é um fator importante neste clima de violência", acrescentou ela. O organismo constata que 86% das mortes permanecem impunes.

Quase a metade dos jornalistas mortos em 2022 estavam na América Latina e no Caribe (44 casos) e 75% dos assassinatos aconteceram fora de conflitos em grande escala. Dos 86 jornalistas que foram assassinados no ano passado – acima dos 55 casos registrados em 2021–, 19 foram mortos no México, dez na Ucrânia e nove no Haiti, os três países mais violentos para a profissão, segundo a Unesco. Cerca da metade deles "não morreu no exercício de suas funções: estavam viajando, em casa, em estacionamentos ou outros lugares públicos quando foram atingidos", informa a agência da ONU. Mas "esta é a consequência de seu trabalho como jornalistas, o fato de estarem investigando assuntos sensíveis", insistiu um funcionário da Unesco, entrevistado pela agência AFP. A agência assinala que nesses países marcados por conflitos, "não há lugar seguro para os jornalistas".

Crimes no Brasil

No Brasil, as mortes triplicaram em dois anos. O Observatório da Unesco registrou, em 2021, a morte de um jornalista no país, Weverton Rabelo Fróes, enquanto em 2022 foram três homicídios. Em fevereiro, Givanildo Oliveira, proprietário do canal virtual de notícias “Pirambu News”, foi morto a tiros em Fortaleza. Depois, em junho, o sequestro seguido de morte do jornalista britânico Dom Philips, ao lado do indigenista brasileiro Bruno Pereira, ambos assassinados durante uma viagem pelo Vale do Javari, no extremo-oeste do Amazonas, teve grande repercussão internacional.Semanas mais tarde, em agosto, o empresário e dono de jornal Luiz Carlos Gomes foi baleado em Italva, no Rio de Janeiro.

Vários homicídios foram motivados por "represálias a reportagens sobre o crime organizado, conflitos armados ou aumento do extremismo. A cobertura de assuntos sensíveis como corrupção, crimes ambientais, abuso de poder e protestos também resultou no assassinato de jornalistas", disse a Unesco.

Além das mortes, os repórteres podem enfrentar "múltiplas formas de violência", destaca a agência da ONU, como "desaparecimento forçado, sequestro e detenção arbitrária, assédio legal e violência digital, particularmente contra as mulheres", sublinha a Unesco.

Com informações da AFP

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