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Corrupção no Parlamento Europeu: 'denúncias extremamente preocupantes', diz Von der Leyen

O Parlamento Europeu está em estado de choque nesta segunda-feira (12) com a prisão da sua vice-presidente Eva Kaili, acusada de corrupção em um caso ligado ao Catar que ameaça manchar a imagem da instituição.

A organização da Copa do Mundo pelo Catar testemunha a "transformação histórica de um país cujas reformas [trabalhistas] inspiraram o mundo árabe", declarou a eurodeputada Eva Kaili (foto), em 22 de novembro de 2022, no pódio do Parlamento Europeu.
A organização da Copa do Mundo pelo Catar testemunha a "transformação histórica de um país cujas reformas [trabalhistas] inspiraram o mundo árabe", declarou a eurodeputada Eva Kaili (foto), em 22 de novembro de 2022, no pódio do Parlamento Europeu. AFP - ERIC VIDAL
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As suspeitas de corrupção são "muito sérias", declarou a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen. "Estas denúncias são extremamente preocupantes. É uma questão de confiança nas pessoas que estão no seio das nossas instituições. Esta confiança exige elevados padrões de independência e integridade", acrescentou, recordando ter proposto a criação de "uma autoridade independente" em assuntos éticos nas instituições da União Europeia.

A presidente do Parlamento, a maltesa Roberta Metsola, deve se pronunciar sobre estas suspeitas no final da tarde de hoje, na abertura da sessão plenária mensal que reúne todos os eurodeputados em Estrasburgo, na França.

Uma reunião dos presidentes dos grupos políticos foi convocada para discutir esta investigação judicial belga revelada na última sexta-feira (9), de acordo com duas fontes do Parlamento Europeu.

“Teremos de reforçar urgentemente nossa instituição para lutar contra o veneno da corrupção”, afirmou no Twitter a eurodeputada francesa Aurore Lalucq, membro do segundo grupo político do Parlamento, os Socialistas e Democratas (S&D, à esquerda) do qual Eva Kaili foi suspensa a partir deste fim de semana.

"Pior escândalo de corrupção da história"

A agenda desta última sessão plenária de 2022 corre o risco de ser abalada por escândalos e o debate previsto para quarta-feira (14) sobre "a defesa das democracias contra a ingerência estrangeira" promete ser agitado.

Perante o "pior escândalo de corrupção da história" do Parlamento Europeu, a deputada francesa Manon Aubry (França Insubmissa), copresidente do grupo da esquerda radical, "exigiu a demissão da vice-presidente pega em flagrante, a organização de um debate com resolução e a abertura imediata de uma comissão de inquérito às omissões do Parlamento neste caso".

De acordo com uma fonte judicial belga, Kaili e três outras pessoas foram presas no domingo (11) em Bruxelas, dois dias depois de serem detidas como parte de uma investigação sobre grandes pagamentos em dinheiro supostamente feitos pelo país anfitrião da Copa do Mundo de 2022, o Catar, para influenciar a política europeia.

Neste caso, Kaili não se beneficia da sua imunidade parlamentar porque o crime de que é acusada foi apurado "em flagrante delito", explicou a mesma fonte judicial. Esta fonte confirmou que "sacos de notas" foram descobertos no apartamento da deputada socialista grego.

"Esta informação é muito preocupante", declarou o ministro das Relações Exteriores da União Europeia, Josep Borrell, nesta segunda-feira, em sua chegada para uma reunião em Bruxelas.

"Este é realmente um incidente inacreditável que agora deve ser elucidado de forma inequívoca e com todo o rigor da lei, porque se trata também e acima de tudo da credibilidade da Europa", acrescentou a ministra dos Assustos Estrangeiros alemã Annalena Baerbock.

“Reformas inspiraram o mundo árabe”

A ex-apresentadora de televisão de 44 anos Eva Kaili, eurodeputada desde 2014 e eleita em janeiro de 2022 para uma das vice-presidências do Parlamento Europeu, esteve no Catar no início de novembro onde cumprimentou o emirado, na presença do ministro do Trabalho local, pelas reformas neste setor.

A organização da Copa do Mundo pelo Catar testemunha a "transformação histórica de um país cujas reformas [trabalhistas] inspiraram o mundo árabe", disse Kaili em 22 de novembro no pódio do Parlamento Europeu. Observações que, na ocasião, causaram agitação nas fileiras da esquerda, bem como liberais e centristas.

Eva Kaili foi expulsa na noite de sexta-feira do Partido Socialista Grego (Pasok-Kinal), em que já era uma figura controversa. Seus bens foram bloqueados nesta segunda-feira pela Autoridade Grega Antilavagem de Dinheiro.

O Parlamento Europeu tem 14 vice-presidentes de diferentes grupos políticos. Na noite deste sábado (10), Eva Kaili teve suspensas todas as suas tarefas delegadas pela presidente Roberta Metsola, inclusive a de representá-la na região do Oriente Médio.

Em caso de "falta grave", os dirigentes dos grupos políticos podem, por maioria de três quintos, propor ao Parlamento a cessação do cargo de vice-presidente, nos termos do regimento interno. Os deputados devem então votar nesta proposta com uma maioria de dois terços dos votos expressos.

(Com informações da AFP)

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