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Irã: manifestantes convocam greve e questionam fim da polícia moral

Três dias de greve e manifestações contra o poder no Irã foram convocados a partir desta segunda-feira (5) pelo movimento de contestação no país. Após anunciar o fim da polícia moral, o Irã vai executar manifestantes considerados "arruaceiros" e "espiões".  

Uma mulher passa diante de lojas fechadas devido à greve na rua Satarkhan, em Teerã, em 5 de dezembro de 2022.
Uma mulher passa diante de lojas fechadas devido à greve na rua Satarkhan, em Teerã, em 5 de dezembro de 2022. AFP - ATTA KENARE
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Siavosh Ghazi, correspondente da RFI em Teerã e AFP. 

Em Teerã, muitas lojas estão fechadas nesta segunda-feira. Vídeos compartilhados em redes sociais mostram uma situação idêntica em outras cidades do país, principalmente em Shiraz e Isfahã. Em municípios do Curdistão iraniano, a paralisação tem mais seguidores. 

Em resposta, o chefe do poder judiciário declarou nesta segunda-feira que as pessoas que ameaçassem comerciantes e caminhoneiros, para obrigá-los a parar de trabalhar, seriam identificadas e punidas. Lojas que aderiram à greve também foram fechadas pelo governo, como o restaurante e a joalheira do ex-jogador de futebol Ali Daie, que anunciou que suas lojas parariam as atividades em apoio ao movimento de contestação. 

A mobilização acontece em resposta ao anúncio do chefe da Justiça iraniana de que "arruaceiros", ligados a serviços secretos estrangeiros (principalmente israelenses), que cometeram assassinatos com armas, foram condenados à pena de morte. A sanção deve ser aplicada proximamente. 

Quatro pessoas foram executadas no domingo (4) por destruição de bens públicos e sequestro, segundo a Justiça do país. De acordo com a mídia do Irã, os detidos também foram condenados por espionagem. 

Fim da polícia questionado

Os militantes que apoiam o movimento de contestação questionam o anúncio feito neste fim de semana, sobre o fim da polícia moral, pelo procurador geral do Irã, Mohammad Jafar Montazeri. Os manifestantes não acreditam em uma mudança no estrito código de vestuário imposto às mulheres. 

Para os militantes dos direitos humanos, uma abolição da polícia não mudaria a obrigação de portar o véu islâmico.  

Uma supressão dessas unidades seria "provavelmente muito limitada e chegaria muito tarde" para os manifestantes, que pedem a mudança do regime, explicou à AFP Roya Boroumand, co-fundadora do grupo de defesa dos direitos humanos Abdorrahman Boroumand Center, baseado nos Estados Unidos. 

"Se eles não suprimirem todas as restrições legais sobre as roupas das mulheres e as leis destinadas a controlar a vida privada dos cidadãos, será somente uma mudança na polícia moral", diz, acrescentando que "nada impede que outras instituições apliquem leis discriminatórias". 

As manifestações contra o poder islâmico no Irã começaram há dois meses, após a morte da jovem de origem curda Mahsa Amini, de 22 anos, após ter sido detida por uma unidade da polícia moral. Desde então, a repressão aos protestos deixou 448 mortos de acordo com a ONG Irã Human Rights, baseada em Oslo. 

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