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Copa do Mundo do Catar: jogo entre EUA e Irã revive crise diplomática

O jogo entre as seleções do Irã e dos Estados Unidos pela Copa do Mundo do Catar, nesta terça-feira (29), vai além da simples questão esportiva, com muito mais em jogo do que a classificação para as oitavas de final da competição. Um empate pode bastar para garantir ao Irã a primeira classificação de sua história nas oitavas de final de uma Copa do Mundo, em sua sexta participação.

Jogadores iranianos ouvem o hino nacional antes do jogo de futebol do Grupo B da Copa do Mundo do Qatar 2022 entre Inglaterra e Irã no Estádio Internacional Khalifa, em Doha, em 21 de novembro de 2022.
Jogadores iranianos ouvem o hino nacional antes do jogo de futebol do Grupo B da Copa do Mundo do Qatar 2022 entre Inglaterra e Irã no Estádio Internacional Khalifa, em Doha, em 21 de novembro de 2022. AFP - FADEL SENNA
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“Venceremos os Estados Unidos e nos classificaremos para as oitavas de final”! A vitória contra o País de Gales, na sexta-feira (25), mal foi digerida e Bahram já pensava nesse confronto crucial contra os Estados Unidos. Assim como o amigo dele, Hamid: “Sei que é uma partida especial... E é claro que vamos vencer! Já tínhamos jogado em 1998... E ganhamos de 2-1”, lembra este iraniano.

Vinte e quatro anos depois de um primeiro duelo na Copa do Mundo marcado por cenas de confraternização entre os jogadores, os dois países se encontram novamente num clima de hostilidade. O contexto é muito mais tenso este ano, tendo como pano de fundo o inédito movimento de protestos reprimido com violência por Teerã.

Desde o início da competição, os jogadores iranianos parecem prisioneiros de seu próprio status. Silenciosos durante a execução do hino nacional perante os ingleses em protesto contra o regime e a sangrenta repressão que assola o seu país, os iranianos veem também as suas atuações serem instrumentalizadas pelas autoridades. Vários jogadores, incluindo o astro Sardar Azmoun, denunciaram a repressão nas redes sociais.

Copa do Mundo, política e geopolítica

A partida contra os Estados Unidos corre o risco de aumentar ainda mais a tensão, explica Milad Javanmardy, jornalista iraniano da BeIN Sports. “Todos nós sabemos que há meio século de tensão política entre os Estados Unidos e o Irã. Desde o golpe de 1953, muitos iranianos têm a impressão de que as intervenções americanas na política interna de nosso país não são corretas”, analisa.

Os dois países não mantêm relações diplomáticas desde 1980. Os Estados Unidos, que precisam de uma vitória para passar desta rodada, trouxeram a geopolítica de volta aos debates pré-jogo. Há poucos dias, a federação americana publicou nas redes sociais uma bandeira iraniana sem o emblema que representa a palavra "Alá". Uma provocação, julgaram os iranianos que pediram à FIFA que sancionasse os americanos.

Na tentativa de acalmar as coisas, o secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, declarou: "Deixe os atletas fazerem o que eles têm que fazer", falando de uma reunião da OTAN em Bucareste. "Não acho que haja nenhum aspecto geopolítico particular, tem que ser um jogo competitivo, que o jogo tenha uma lógica própria," acrescentou.

Os jogadores e a comissão técnica também defendem o apaziguamento, assim como o técnico americano Gregg Berhalter: “Não sabíamos nada do que ia ser postado. Tudo o que podemos fazer é pedir desculpas em nome de nós mesmos e do grupo. Claro, pensamos em todo o povo iraniano, mas também nos concentraremos em nossa próxima partida”, diz.

(Com informações do enviado especial a Doha, Cédric de Oliveira e da AFP)

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