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Irã: sobrinha do aiatolá Khamenei é presa e rapper corre risco de ser condenado à morte

O regime iraniano pena para lidar com o movimento de contestação, que entrará em breve em seu terceiro mês. Autoridades confirmaram neste domingo (27) que o rapper Toomaj Salehi pode ser condenado à pena de morte por criticar a República Islâmica. Já uma sobrinha do aiatolá Ali Khamenei foi presa por pedir apoio à comunidade internacional.

Cartaz pedindo a libertação do rapper Toomaj Salehi (à direita) é exibido durante ato em em istambul, na Turquia, em apoio aos protestos no Irã. Sábado, 26 de novembro de 2022.
Cartaz pedindo a libertação do rapper Toomaj Salehi (à direita) é exibido durante ato em em istambul, na Turquia, em apoio aos protestos no Irã. Sábado, 26 de novembro de 2022. AFP - YASIN AKGUL
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Com informações de Siavosh Ghazi, correspondente da RFI em Teerã, e da AFP

As autoridades iranianas prenderam Farideh Moradkhani, sobrinha do aiatolá Ali Khamenei, depois que ela foi filmada chamando o regime islâmico de "homicida e assassino de crianças". A ativista dos direitos humanos pertence a um ramo da família que é historicamente contrário aos governantes religiosos do país. 

O irmão de Farideh, Mahmud Moradkhani, foi quem revelou, através das redes sociais que ela havia sido detida na última quarta-feira (23), após ser intimada pela Promotoria. No sábado (26), Mahmud postou um vídeo em que a irmã aparece condenando a "clara e óbvia opressão" sofrida pelos iranianos e pedindo ajuda à comunidade internacional.

"Povos livres, fiquem do nosso lado! Digam aos seus governos que parem de apoiar este regime homicida e assassino de crianças", declara a sobrinha do líder supremo da República Islâmica.

Não se sabe quando o vídeo foi gravado. Nas imagens, a iraniana reclama que as sanções contra a República Islâmica pela repressão aos protestos são "insignificantes" e afirma que seus compatriotas estão "sozinhos" na luta pela liberdade.

Farideh já havia sido presa em janeiro deste ano, após ter elogiado em uma videoconferência a viúva do xá Mohammad Reza Pahlavi, derrubado pela Revolução Islâmica de 1979. A ativista foi libertada sob fiança em abril, segundo a ONG Human Rights Activists News Agency.

Seis condenados à morte

A repressão do regime endurece à medida em que os protestos contra o regime se perpetuam. Até o momento, 416 pessoas morreram e seis manifestantes foram condenados à pena morte por supostas ações violentas durante os atos. Mais de 14 mil pessoas foram presas e cerca de duas mil foram acusadas, segundo dados oficiais.

A revolta teve início em meados de setembro, com a morte da jovem Mahsa Amini, de 22 anos, após ser presa por estar usando o véu islâmico de forma inadequada, segundo alegações da polícia da moralidade. O regime islâmico classifica os protestos como "distúrbios" e afirma que eles são promovidos pelo Ocidente.

Seis manifestantes foram condenados à morte até agora por supostas ações violentas durante os protestos nas últimas onze semanas. Neste domingo (27), a Autoridade Judiciária do irã que o rapper Toomaj Salehi, acusado de fazer propaganda contra o regime e agir contra a segurança nacional, pode ser condenado à pena de morte. Ele foi detido depois de ter postado um vídeo de uma música que pede a derrubada do regime islâmico. 

Familiares do músico indicaram que seu julgamento já teve início, a portas fechadas e sem qualquer representação legal. Ele teria sido acusado de ser um "inimigo de Deus" e "corrupção na terra", crimes passíveis de pena de morte no Irã. 

"O processo ainda não aconteceu, mas a acusação contra Toomaj Salehi foi elaborada e enviada" aos tribunais de Isfahan, no centro do país, disse Assadollah Jafari, chefe regional da Autoridade Judicial, citado pela agência iraniana Mizan Online. "Ele é acusado de corrupção por espalhar mentiras na internet e propaganda contra o sistema, e por ter formado e dirigido grupos ilegais com o objetivo de perturbar a segurança ao cooperar com um governo hostil ao Irã e por ter incitado a cometer atos violentos", acrescentou.

Dois militantes libertados

As autoridades iranianas libertaram sob fiança, no sábado (26), o jogador de futebol Voria Ghafouri e o dissidente Hossein Ronaghi, dois dos mais célebres militantes contra a repressão aos protestos no Irã. A decisão ocorre em um contexto particular, depois da vitória da seleção nacional de futebol frente ao País de Gales na Copa do Mundo e a dois dias do duelo com os Estados Unidos. Os jogadores iranianos, aliás, roubaram a cena antes do início do jogo contra a Inglaterra, ao se recusarem a cantar o hino nacional em protesto à repressão

Ghafouri, que jogou 28 vezes pelo Irã até 2019, foi preso após um treino de seu time Foolad. De origem curda, ele foi acusado de ter "insultado e difamado a reputação da seleção nacional e de ter feito propaganda" contra o Estado Islâmico, segundo a agência de notícias iraniana Fars.

Já Ronaghi, colaborador do The Wall Street Journal, teve de ser hospitalizado devido a uma greve de fome que durou dois meses na prisão. Segundo seu irmão, Hassan, o militante deixou a prisão sob fiança "para se submeter a um tratamento".

(Com informações da AFP) 

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