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Violenta repressão contra manifestações no Irã "deve acabar", diz Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU

A violenta repressão contra as manifestações no Irã "deve acabar", pediu nesta quinta-feira (24) o Alto Comissariado dos Direitos Humanos da ONU, em uma reunião de emergência para decidir se abrirá uma investigação internacional sobre os abusos dos quais Teerã é acusada.

Foto de 16/11/22 mostra retratos de vítimas do regime iraniano diante da sede da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), em Viena.
Foto de 16/11/22 mostra retratos de vítimas do regime iraniano diante da sede da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), em Viena. AFP - JOE KLAMAR
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Os 47 Estados-membros do Conselho de Direitos Humanos da ONU, instância máxima da instituição na área dos direitos humanos, se reúnem para abordar a "deterioração da situação" no Irã.

"O uso desnecessário e desproporcional da força deve parar. Os velhos hábitos e a mentalidade de fortaleza sitiada daqueles no poder simplesmente não funcionam. Só pioram a situação", afirmou o alto comissário para os Direitos Humanos, Volker Türk.

"Os manifestantes iranianos não têm lugar no Conselho de Direitos Humanos em Genebra, eles não têm voz nas Nações Unidas", disse a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, pouco antes.

Há dois meses, a repressão dos protestos deixou pelo menos 416 mortos, 51 deles crianças, segundo a ONG Iran Human Rights (IHR), com sede na Noruega.

Essa onda de protestos contra o governo, que surgiu após as reivindicações das mulheres depois da morte de Mahsa Amini, uma jovem curda morta sob custódia da polícia da moralidade por não usar corretamente o véu islâmico, alcançou uma magnitude sem precedentes desde a Revolução Islâmica de 1979.

Segundo Türk, cerca de 14.000 manifestantes, entre eles crianças, foram detidos no contexto dos protestos, "um número descomunal". A Justiça iraniana já condenou à morte seis pessoas relacionadas às manifestações.

O conselho deve decidir nesta quinta-feira se nomeia uma equipe de investigadores de alto nível para analisar as violações dos direitos humanos ligadas à repressão das manifestações.

De acordo com o projeto de resolução, apresentado pela Alemanha e Islândia, esta missão internacional independente terá que incluir "a dimensão da violência relacionada ao gênero".

Trata-se de reunir evidências desses abusos e preservá-las para possíveis ações legais futuras.  

Sem "credibilidade moral"

Muitos diplomatas, ativistas e especialistas do Irã apoiaram a iniciativa.

"Temos que fazer tudo o que pudermos para trazer à tona a verdade sobre o que está acontecendo no Irã e apoiar os apelos do povo iraniano por justiça e responsabilidade", comentou a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Michèle Taylor.

O governo iraniano, por sua vez, acusou os países ocidentais de falta de "credibilidade moral". "Os direitos do povo iraniano foram amplamente violados pelos chamados defensores dos direitos humanos devido à imposição de sanções unilaterais pelo governo americano e à aplicação dessas sanções cruéis por países europeus, especialmente Alemanha, Reino Unido e França", disse Khadijeh Karimi, uma autoridade do Irã.

"Com uma longa história de colonialismo e violação dos direitos humanos de outras nações, os Estados Unidos e a Europa não estão em posição de fingir ser os defensores dos direitos humanos", tuitou recentemente o Ministério das Relações Exteriores iraniano.

Não há certeza de que o conselho adotará a resolução

Recentemente, a resistência – alimentada por Rússia, China e Irã – tem crescido contra iniciativas de países ocidentais para condenar Estados individuais por sua repressão aos direitos humanos.

No mês passado, esses países fracassaram em sua tentativa de incluir uma discussão sobre a repressão de Pequim na região de Xinjiang. Mas o Irã pode ter mais dificuldade em bloquear a resolução desta quinta-feira.

O conselho já expressou sua preocupação com os direitos humanos sobre a República Islâmica quando nomeou um relator especial em 2011 para monitorar as ações de Teerã. O mandato da instituição é renovado a cada ano.

(com AFP)

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