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Copa do Mundo: Austrália é a primeira seleção classificada a criticar abertamente o Catar

A seleção australiana de futebol se tornou, nesta quinta-feira (27), a primeira classificada para a competição que critica abertamente o Catar pelos abusos de direitos humanos durante a organização da Copa do Mundo, que começa em 20 de novembro no emirado.

Vista geral do Estádio Lusail na periferia da capital do Catar, Doha, em 2 de setembro de 2022.
Vista geral do Estádio Lusail na periferia da capital do Catar, Doha, em 2 de setembro de 2022. AFP - KARIM JAAFAR
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Dezesseis membros da equipe masculina australiana, que está no grupo da França, além de Dinamarca e Tunísia, apareceram em um vídeo explicando a sua posição. “Nos últimos dois anos, nos dedicamos a entender e conhecer melhor a situação no Catar”, explicam os jogadores. "Não somos especialistas, mas ouvimos organizações como Anistia Internacional, Fifa" e, "mais importante, trabalhadores estrangeiros no Catar".

O vídeo é acompanhado por um comunicado da Federação Australiana de Futebol: “Reconhecemos o progresso significativo e as reformas legislativas que ocorreram no Catar nos últimos anos para reconhecer e proteger os direitos dos trabalhadores e incentivamos todos os atores a continuarem nesse caminho de reforma”, escreve a FFA. “No entanto, também entendemos que o torneio foi associado ao sofrimento dos trabalhadores migrantes e suas famílias e isso não pode ser ignorado”, continua a federação.

"Proteger a saúde, a segurança e a dignidade de todos os trabalhadores que contribuem para esta Copa do Mundo é nossa prioridade", respondeu, nesta quinta-feira, um porta-voz do comitê organizador, enfatizando as reformas da legislação trabalhista em andamento e explicando que "nenhum país é perfeito e todos os países, sejam ou não sede de um grande evento, tem seus próprios desafios".

A Federação de Futebol da Austrália também exortou o pequeno emirado a mostrar mais tolerância diante de relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo, que atualmente são ilegais no Catar. “Como o esporte mais multicultural, diversificado e inclusivo do nosso país, acreditamos que todos devem se sentir seguros e livres para serem eles mesmos”, disse a Federação da Austrália.

Durante a Copa do Mundo de 2022, os capitães de várias nações europeias - incluindo Inglaterra, França e Alemanha - usarão braçadeiras nas cores do arco-íris e a mensagem "One Love" como parte de uma campanha antidiscriminação LGBT+.

Sem mencionar especificamente os direitos das pessoas LGBT+, o porta-voz do comitê organizador estimou que "esta Copa do Mundo contribuiu para um legado de progresso" que continuaria após o evento.

O torneio, que acontece de 20 de novembro a 18 de dezembro, já é marcado por polêmicas, desde que a Fifa concedeu a organização ao Catar, no final de 2010.

50 trabalhadores morreram em 2020

O emprego maciço de trabalhadores estrangeiros permitiu ao Catar preparar a infraestrutura necessária para um dos maiores eventos esportivos do mundo. Novas estradas, um novo aeroporto, uma rede ferroviária sob medida e sete novos estádios tiveram que ser construídos.

De acordo com a Anistia Internacional, esses trabalhadores migrantes, que vinham principalmente de Bangladesh, Nepal e Índia, recebiam baixos salários e trabalhavam em condições extremamente precárias.

Segundo um levantamento da Organização Internacional do Trabalho (OIT), cinquenta trabalhadores da Copa do Mundo morreram, em 2020, e centenas mais ficaram feridos.

A Human Rights Watch e a Anistia Internacional pediram ao Qatar e à Fifa que criem um fundo de compensação para trabalhadores vítimas das obras da Copa do Mundo, dotado de US $ 440 milhões.

O primeiro país árabe a sediar o evento também está sendo criticado pelo tratamento dispensado às mulheres e pela instalação de ar condicionado em sete de seus oito estádios.

Em sua defesa, o Catar afirma ter realizado inúmeras reformas no país nos últimos anos. O seu dirigente, o Sheikh Tamim bin Hamad Al-Thani, lamentou uma "campanha sem precedentes" de críticas. O torneio vai trazer o maior fluxo de visitantes da história do emirado, que tem 2,9 milhões de habitantes.

(Com informações da AFP)

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