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Moscou se prepara para formalizar anexação de regiões ucranianas

O presidente russo, Vladimir Putin, formalizará nesta sexta-feira (30) em Moscou a anexação pela Rússia de territórios ucranianos, amplamente denunciada pela comunidade internacional. O líder russo promete defender as regiões anexadas até mesmo com armas nucleares.

Uma coluna de fumaça preta sobe da linha de frente em Mykolaiv Oblast, na Ucrânia, em 30 de agosto de 2022.
Uma coluna de fumaça preta sobe da linha de frente em Mykolaiv Oblast, na Ucrânia, em 30 de agosto de 2022. AFP - DIMITAR DILKOFF
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O Kremlin vai realizar uma cerimônia na sexta-feira quando será formalizada a anexação das regiões ucranianas de Donetsk e Lugansk (leste), Kherson e Zaporíjia (sul).

"Uma cerimônia para assinatura de acordos sobre a entrada de novos territórios na Federação Russa será realizada amanhã no Kremlin", informou o porta-voz presidencial, Dmitry Peskov. "Vladimir Putin fará um grande discurso neste evento", acrescentou.

A capital russa se prepara para as festividades para marcar a anexação das quatro regiões, que ocorre após "referendos" condenados por grande parte da comunidade internacional.

Kiev, apoiada pelo Ocidente e suas entregas de armas, jurou continuar sua contraofensiva que vem fazendo o Exército russo recuar em algumas regiões há quase um mês, forçando Putin a mobilizar apressadamente centenas de milhares de reservistas civis.

Concerto e autoridades

Para a organização do evento, o tráfego motorizado será proibido em grande parte do centro da cidade na sexta-feira, enquanto um concerto será organizado, de acordo com a mídia local, "à sombra dos muros do Kremlin", onde uma aparição de Putin está sendo esperada.

Autoridades instaladas por Moscou nas regiões de Donetsk e Lugansk, Zaporíjia e Kherson já chegaram de avião a Moscou desde a noite de quarta-feira (28), informaram agências de notícias russas.

Diante de uma enorme contraofensiva ucraniana, a Rússia acelerou o processo de anexação com a organização precipitada dos chamados “referendos”, sob a supervisão de soldados armados. Esses votos foram chamados de "farsa" e "simulados" por Kiev e seus apoiadores ocidentais.

Até a China, o parceiro mais próximo de Moscou, tem criticado a violação da integridade territorial de um Estado soberano.

Crimeia

A Rússia segue o roteiro da anexação, em 2014, da Crimeia, península no sul da Ucrânia. Na época, Putin também fez um discurso com grande pompa.

A Ucrânia denunciou as novas anexações e não se deixou intimidar pelas ameaças de Putin de usar armas nucleares, buscando uma contraofensiva no leste e no sul. Depois de ter reconquistado a maior parte do nordeste, Kiev parece determinada na recuperação de Lyman, uma cidade na região de Donetsk e um importante centro ferroviário que o exército russo controla desde maio.

As forças ucranianas permanecem em silêncio sobre as operações em andamento, mas as autoridades leais a Moscou na região reconheceram dificuldades. "O adversário está fazendo tentativas regulares de ataque para criar as condições para um cerco", disse o alto funcionário de Donetsk, Alexei Nikonorov, à televisão russa.

O Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), um centro de pesquisa dos EUA, observou que "combates significativos" estavam em andamento na área e que, se a Ucrânia reconquistasse Lyman, isso permitiria que Kiev avançasse para a região de Donetsk e a região vizinha de Lugansk.

Fuga de reservistas

Na prática, os bombardeios russos continuam a atingir cidades ucranianas, matando inclusive uma criança durante a noite de quarta-feira, em Dnipro. Pelo menos cinco civis também foram mortos na parte controlada pela Ucrânia da região de Donetsk.

Na Rússia, a mobilização de centenas de milhares de reservistas civis para reforçar as linhas do país continua, assim como o êxodo de dezenas de milhares de russos temendo serem mobilizados.

Um jovem de vinte e poucos anos, que chegou à Mongólia pela fronteira terrestre, prefere permanecer anônimo para explicar os motivos que o levaram a fugir da Rússia. "Foi muito difícil deixar tudo para trás. Minha casa, minha pátria, meus entes queridos. Mas é sempre melhor do que matar pessoas", declarou ele à agência AFP em Ulaanbaatar, a capital.

Na frente internacional do conflito, foram os vazamentos devido a explosões misteriosas nos gasodutos Nord Stream 1 e 2 que alimentaram novas tensões russo-ocidentais. Os dois campos se acusam agora de terem sabotado os tubos submarinos, uma infraestrutura crucial para o fornecimento europeu de gás russo. Os gasodutos  estavam, no entanto, parados por causa do ataque russo ao seu vizinho.

“Um Estado estrangeiro”

A Otan denunciou nesta quinta-feira (29) atos de sabotagem "deliberados, imprudentes e irresponsáveis", enquanto o Kremlin declarou suspeitar "do envolvimento de um Estado estrangeiro". A diplomacia russa acusou, no dia anterior, aos Estados Unidos.

Uma reunião do Conselho de Segurança da ONU está agendada para esta sexta-feira sobre o assunto, a pedido de Moscou.

(Com informações da AFP)

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