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Bancos fecham agências no Líbano após onda de assaltos de clientes revoltados

No Líbano, os bancos decidiram fechar indefinidamente após vários ataques de clientes a agências bancárias, que não podem retirar dinheiro. Cerca de cinco assaltos ocorreram em Beirute em setembro de 2022.

Nada menos que cinco assaltos de correntistas tentando recuperar suas economias ocorreram em Beirute, em 16 de setembro de 2022.
Nada menos que cinco assaltos de correntistas tentando recuperar suas economias ocorreram em Beirute, em 16 de setembro de 2022. REUTERS - ISSAM ABDALLAH
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Na semana passada, a libanesa Sali Hafez invadiu uma agência bancária para conseguir retirar seu próprio dinheiro. A jovem explicou que precisava pagar pelo tratamento de sua irmã, que tinha um câncer.

Desde abril de 2020, os clientes libaneses podem retirar no máximo US$ 200 por mês, o que não é suficiente para sobreviver no país hoje.

Hafez foi imediatamente considerada uma "heroína" pelos libaneses, que viralizaram o vídeo do assalto nas redes sociais, num país massacrado pela corrupção da classe dirigente e onde é praticamente impossível retirar dinheiro em caixas automáticos.

"Não seremos reféns"

Hafez conseguiu levar U$ 13.000 dólares que lhe pertenciam, e depois dele, vieram mais uma dúzia de roubos. Alaa Kourchid é o líder de um grupo de ativistas que apoiou Sally Hafez e outros cidadãos libaneses durante seus respectivos assaltos a bancos.

"Eles não roubaram apenas nosso dinheiro, eles roubaram uma boa parte de nossas vidas. Alguns de nós trabalhamos há 30 ou 40 anos e agora não podemos educar nossos filhos ou ir para o hospital", denuncia.

Para Kourchid a impunidade piora a situação."Bilhões de dólares foram roubados e ninguém é responsável. Ninguém está na cadeia".

Limitações "ilegais"

Desde a guerra civil do Líbano, as elites que controlam o país têm adotado políticas que visam a máxima acumulação de capital, engajando-se em práticas ilegais.

"O exemplo mais óbvio é o controle de capital. Estas limitações de US$ 200 impostas às contas bancárias dos depositantes são ilegais. As pessoas têm todo o direito de acessar suas próprias economias", disse o economista Hussein Cheaito.

Ninguém ignora que as mesmas elites que impõem controles de capital transferiram bilhões de dólares para o exterior, enquanto não oferecem soluções no Líbano.

"O FMI exigiu reformas da classe política como condição para desbloquear o financiamento. As reformas incluíram uma auditoria e a análise de quem é responsável pelo atual colapso. Mas até hoje, os políticos têm evitado essas reformas", salienta o economista.

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