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Chantagem de Orbán funciona e Hungria continua a receber petróleo russo apesar de boicote europeu

Trata-se de uma vitória para o premiê de extrema direita da Hungria, o populista Viktor Orbán. Os chefes de Estado e de governo da União Europeia cederam ao pedido do húngaro. Eles concordaram em proibir mais de dois terços das importações de petróleo russo e em parar definitivamente com 90% delas até o final do ano. Mas isto só afetará as importações por via marítima. A Hungria continuará, portanto, a receber o "ouro negro russo" por gasoduto.

Trabalhadores em uma estação de bombeamento no oleoduto Druzhba, perto da cidade de Bobovichi, cerca de 330 km ao sudeste de Minsk, Bielorrússia.
Trabalhadores em uma estação de bombeamento no oleoduto Druzhba, perto da cidade de Bobovichi, cerca de 330 km ao sudeste de Minsk, Bielorrússia. AP - Sergei Grits
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Florence La Bruyère, correspondente da RFI em Budapeste

A chantagem do primeiro-ministro húngaro deu frutos. Viktor Orbán foi o único entre os chefes de Estado e de governo do bloco europeu a ameaçar não votar a favor do boicote. "Ele nos manteve reféns por um mês", suspirou um diplomata europeu. O líder húngaro finalmente concordou em levantar seu veto assim que suas exigências fossem atendidas.

Os líderes dos 27 Estados-Membros da UE concordaram em proibir mais de dois terços das importações de petróleo russo: a medida tem como objetivo secar os recursos da "máquina de guerra" de Moscou.

Entretanto, isto só afetará as importações por mar, não por terra. A Hungria poderá, portanto, continuar a receber petróleo da Rússia por oleoduto, como solicitado por Orbán.

Exceções também para Praga e Bratislava

A Hungria não tem acesso ao mar e 65% de seu petróleo vem da Rússia através do oleoduto Druzhba. Orbán também obteve garantias no caso de um corte no gasoduto que abastece seu país via Ucrânia. Neste caso, Budapeste poderia importar hidrocarbonetos russos por via marítima.

Finalmente, Orbán pediu à União Europeia que financiasse a transformação das refinarias húngaras, para que elas pudessem se adaptar a outros tipos de petróleo. Ele obteve € 800 milhões em investimentos.

A República Tcheca e a Eslováquia, igualmente dependentes do petróleo russo, também obtiveram isenções. Praga poderá assim continuar a vender produtos petrolíferos à Rússia por vários meses.

O oleoduto mais longo do mundo

Em russo, Druzhba significa "amizade". Com 4.000 quilômetros, ele é o oleoduto mais longo do mundo e fornece cerca de um terço do abastecimento de petróleo da Europa, e até 65% do consumo da Hungria.

No início dos anos 1960, Druzhba foi encarregado de fornecer petróleo bruto para os países da Europa Central, que na época eram considerados irmãos pela União Soviética.

Cerca de um milhão de barris por dia passam por ele, quase um décimo da produção russa. A filial norte atende Alemanha, Áustria e Polônia, e a filial sul Hungria, a República Tcheca e a Eslováquia.

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