Crise energética atual pode ser comparada a choque do petróleo de 1973, diz ministro francês
A crise energética atual, desencadeada pela guerra na Ucrânia, pode ser comparada, em intensidade, ao choque do petróleo de 1973. A afirmação foi feita nesta quarta-feira (9), pelo ministro francês da Economia, Bruno Le Maire. Segundo ele, a melhor alternativa é trabalhar para a independência da França e da União Europeia no setor.
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De acordo com o ministro francês, um plano massivo de ajuda do governo, como o que foi adotado durante a crise da Covid-19, favoreceria o aumento dos preços. "Não é exagero dizer que a crise atual é equivalente à que enfrentamos em 1973", disse Le Maire durante o discurso de abertura de uma conferência sobre autonomia energética e transição ecológica, organizada na sede do Ministério da Economia, em Paris.
Segundo ele, os governos devem evitar os erros cometidos na década de 70, para impedir a chamada "estagflação", com recessão econômica, altos índices de inflação e desemprego. "Em 1973, o choque econômico provocado pelo aumento da inflação afetou o crescimento. Devemos criar um outro modelo em resposta à crise energética. Esse modelo pode ser definido por uma palavra: independência total da França e da União Europeia no setor", reiterou.
Em uma mensagem publicada no Twitter, o ministro francês lembrou que depender de apenas um país "pode ser perigoso". Entre as medidas que estão sendo avaliadas pela França e os europeus, estão o aumento das reservas de gás para o próximo inverno, a diversificação do fornecimento e a proteção das categorias mais pobres da população e das empresas mais afetadas pelo problema.
Nous voulons accélérer le déploiement de notre stratégie énergétique avec un objectif majeur : notre indépendance.
— Bruno Le Maire (@BrunoLeMaire) March 8, 2022
Rien ne serait plus dangereux que de dépendre durablement d’un seul pays pour un bien aussi essentiel que l'énergie.
A invasão à Ucrânia pela Rússia provocou uma explosão dos preços do petróleo e do gás em todo o mundo. A Europa é, atualmente, dependente da energia russa. Com a adoção de sanções contra Moscou, as regras relativas às trocas comerciais foram modificadas.
Para enfrentar a alta do preço do bruto, a AIE (Agência Internacional de Energia) apresentará na próxima semana um plano de emergência sobre o petróleo. O objetivo é diminuir a demanda do produto, disse nesta quarta-feira (9) o diretor da agência, Fatih Birol. Em 1º de março, os membros da AIE decidiram liberar uma reserva de 60 milhões de barris no mercado para frear o aumento da cotação.
Os preços do petróleo continuaram a subir a nesta terça-feira (8), impulsionados pelo embargo ao petróleo russo, anunciado pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido. Em Londres, a cotação do barril de Brent do Mar do Norte para entrega em maio fechou em alta de 3,87% (U$S 127,98). Enquanto isso, em Nova York, o barril de West Texas Intermediate (WTI) para entrega em abril subiu 3,60% (US$ 123,70).
Biden interrompe importação de petróleo russo
O presidente americano, Joe Biden, anunciou nesta terça-feira um embargo às importações de petróleo russo, e o Reino Unido decidiu eliminá-las gradativamente até o fim do ano. Já os países da União Europeia, que recebem da Rússia aproximadamente 40% de suas importações de gás e um quarto das de petróleo, optaram por estabelecer a meta de reduzir em dois terços as importações de gás russo.
A Agência americana de Informação sobre Energia (EIA) revisou para cima nesta terça suas estimativas de produção nos Estados Unidos este ano, para 12,03 milhões de barris diários, e em 2023, para 12,99 milhões. Em ambos os casos, os níveis estão acima da oferta de 2019, que já era recorde. Embora a produção cresça nos Estados Unidos, os produtores temem o aumento dos volumes, devido à eventualidade de que o mercado sofra uma reversão da tendência.
(Com informações da AFP)
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