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Comediante israelense pró-Palestina incendeia redes sociais com canção satírica

Uma canção satírica intitulada "Dubai, Dubai", interpretada pela comediante Noam Shuster Eliassi na TV em Israel, incendeia as redes sociais no mundo árabe. A atriz e cantora é uma conhecida ativista pró-Palestina e tem o hábito de chamar a atenção para questões políticas controversas no Oriente Médio.

A cantora e ativista israelense Noam Shuster Eliassi.
A cantora e ativista israelense Noam Shuster Eliassi. © Captura de tela
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Sami Boukhelifa, da RFI

A artista israelense já tinha surpreendido compatriotas e árabes em 2019, quando pediu em casamento o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed bin Salman. Desta vez, com uma canção satírica, Noam Shuster Eliassi critica a normalização das relações entre Israel e os Emirados Árabes Unidos, em detrimento de esforços para solucionar o conflito israelo-palestino.

No programa de TV, a comediante se apresentou como se estivesse enviando uma mensagem de paz. Mas a interpretação enganosamente inocente de "Dubai, Dubai" expôs as incoerências envolvendo os palestinos. 

"Se ao menos todos os árabes fossem como os de Dubai". [...] Milionários, eles esqueceram a causa palestina e um povo que sofreu o Nakba", palavra árabe que significa tragédia, e designa eventos que se sucederam após a fundação do Estado de Israel, em 1948, como a expulsão de palestinos de suas terras. "Em Israel, escolhemos ser simpáticos com os árabes do Golfo", diz, com ironia, a letra da canção.

A música traz trechos em hebraico, mas é cantada principalmente em árabe, idioma que Noam Shuster Eliassi fala perfeitamente. Ela se descreve como uma judia "mizrahi", em outras palavras, uma judia oriental. A comediante enfatiza suas raízes judaicas iranianas e defende os palestinos.

"Em Israel, escolhemos ser simpáticos com os árabes do Golfo, que estão a 4.000 quilômetros de distância. Optamos por estabelecer laços econômicos com eles. Mas, ao mesmo tempo, preferimos ignorar a questão palestina. E todo judeu de esquerda que quer falar sobre igualdade, sobre o fim da ocupação, é rotulado como um judeu anti-israelense, que odeia a si mesmo. Isto é completamente falso. Ter conseguido esclarecer todas estas questões por meio de um simples quadro humorístico é um sonho tornado realidade", afirma a artista.   

Nas redes sociais em todo o mundo árabe, muitos elogiam esta proeza artística. "Sarcasmo, uma arma formidável", escreveram alguns internautas que se opõem à normalização das relações entre Israel e os Emirados Árabes Unidos. 

Noam Shuster Eliassi admite que está encantada em saber que até emiradenses compartilham sua visão. "Tenho muitos amigos em Dubai, Abu Dhabi e no Golfo que me disseram que meu vídeo foi amplamente compartilhado no WhatsApp", diz ela.

"Acho que não devemos subestimar a juventude dos países do Golfo. Eu sou uma voz crítica em Israel, e no Golfo também há vozes críticas. Talvez eles não tenham a oportunidade de se expressar livremente em público. Mas na esfera privada, eles podem ser muito críticos", observa. 

Muitos detratores

No entanto, a canção não obteve a aprovação unânime. Como muitas vezes acontece na internet, a letra desencadeou uma onda de ódio e uma enxurrada de insultos. Algumas pessoas receberam a sátira como uma provocação e não entenderam a mensagem da artista israelense. Alguns pensaram que ela fez ironia com o sofrimento dos palestinos.

Noam Shuster Eliassi diz que compreende esse ponto de vista. "Sei que no mundo árabe algumas pessoas podem ser muito pessimistas. Elas pensam: como uma mulher judia pode se expressar desta maneira? Talvez tudo isto seja orquestrado, ela pode ser uma agente do Mossad [o poderoso serviço de Inteligência israelense] disfarçada. Para essas pessoas, eu respondo: fico feliz por encarnar a diferença. Fico feliz por ser uma mulher judia que fala árabe e que não usa suas habilidades para servir ao Exército israelense. Em vez disso, sou criativa e prefiro mostrar que uma alternativa é possível na região", conclui a artista. 

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