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Covid-19: desigualdade entre pobres e ricos registra maior salto em 110 anos

As desigualdades aumentam cada vez mais e no mundo inteiro – um cenário que piorou durante a pandemia de Covid-19. Em seu relatório anual, o World Inequality Lab, laboratório de pesquisas da Paris School of Economics, divulga nesta terça-feira (7) que a fortuna dos mais ricos só cresce no planeta. 

Em 2020, em todo o mundo, 100 milhões de pessoas passaram para o grupo dos extremamente pobres, afirma relatório do World Inequality Lab.
Em 2020, em todo o mundo, 100 milhões de pessoas passaram para o grupo dos extremamente pobres, afirma relatório do World Inequality Lab. AP - Bruna Prado
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Os resultados deste estudo de 228 páginas, coordenado pelo economista francês Lucas Chancel e codirigido pelo renomado autor Thomas Piketty, ressaltam a persistência das desigualdades no mundo. Os dados recolhidos nos quatro cantos do planeta mostram um aumento das disparidades econômicas entre as populações. 

Atualmente, os 50% mais pobres possuem 2% do patrimônio mundial, enquanto os 10% mais ricos monopolizam 76% das riquezas. Segundo a base de dados do World Inequality Lab, o Oriente Médio, a África do Norte, bem como a América Latina são as regiões mais castigadas pela desigualdade. 

O documento também aponta que a fatia da riqueza mundial nas mãos das maiores fortunas triplicou em 25 anos. Além disso, ressalta que a pandemia ajudou no enriquecimento desta parcela da população: em 2020, os bilionários tiveram um salto de US$ 3,6 bilhões em seus patrimônios, um valor equivalente aos gastos anuais em saúde, somando todos os países do mundo. 

Em relação às diferenças de salários, há pequenos progressos registrados, ainda muito longe das expectativas, afirma o World Inequality Lab. Atualmente, os 10% mais ricos ganham 38 vezes mais do que os 50% mais pobres – algo observado pela última vez em 1910. "Voltamos ao mesmo nível de desigualdades de um século atrás", diz o documento. 

Elon Musk: o homem mais rico do mundo

Para um pequeno grupo, o patrimônio é classificado como "estratosférico". Na lista da revista Forbes, as dez primeiras fortunas mundiais possuem mais de US$ 100 bilhões individualmente. Na liderança, com US$ 266 bilhões, está o dono da Tesla, Elon Musk, que nasceu na África do Sul e se naturalizou canadense, em 1988, e americano, em 2002.

Com exceção de Musk e do francês Bernard Arnault – maior acionista do grupo de luxo LVMH, das marcas Christian Dior, Sephora e Louis Vuitton –, os bilionários que encabeçam a lista são todos americanos. Sem nenhuma dificuldade, Jeff Bezos, da Amazon, e Mark Zuckerberg, do Facebook, conseguiram multiplicar os milhões acumulados nos últimos tempos. 

"Depois de 18 meses de Covid-19, o mundo está ainda mais polarizado" em termos de desigualdade de riquezas, afirma Lucas Chancel, coordenador do relatório. "Enquanto o patrimônio dos bilionários aumentou em mais de US$ 3,6 bilhões, 100 milhões de pessoas passaram para o grupo dos extremamente pobres", sublinha.

Para tentar lutar contra o problema, os economistas do World Inequality Report sugerem revisar as regras de tributação das grandes fortunas e combater a evasão fiscal. Além disso, o documento recomenda uma cobrança especial de impostos, o "exit tax", sobre o patrimônio dos contribuintes que mudam sua residência fiscal para escapar dos pagamentos.

No entanto, para os economistas, a adoção recente, depois de anos de negociação, de um projeto de imposição mínima de 15% às multinacionais é um sinal de mudança. "Evoluiremos simplesmente porque há uma necessidade dos Estados de financiar seus gastos", conclui Chancel. 

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